segunda-feira, 9 de março de 2020

Passeio

Setenta e três anos depois do fim da guerra estou aqui à beira do Vístula com a improvável companhia do meu pai. Nada de bombas, de ruínas, de choro. Estamos apreciando a profunda calma da cidade. A profunda paz de caminhar por uma cidade silenciosa em que as pessoas estão apenas cuidando das suas próprias vidas. Caminhando, aproveitando os cafés e restaurantes com mesinhas na calçada neste tórrido verão.
Meu pai se impressionou ao ver as máquinas de guerra expostas. Desse avião, lemos em uma plaqueta, foram fabricados mais de cinco mil. Daquele tanque de guerra ali foram três mil unidades. Daquele canhão foram quatro mil. E meu pai, então, observou:
- E para fazerem uma dúzia de escolas para refugiados, hoje, dizem que não dá.

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