Olho o criado mudo ao lado da cama. Olho pela janela as árvores, a disposição das folhas. Sinto o cheiro que vem da cozinha. Último dia aqui. Me despeço da poeira do chão. Da torneira do banheiro. Me despeço da fechadura dos fundos. Mala nas mãos. Olho os céus. Olho o horizonte. Estou de partida. Sigo viagem. Olho as pessoas nas ruas. As crianças brincando ao redor das casas. Os cachorros tão mergulhados no presente quanto sou alheio a ele. Permaneço alheio. Estou em outro lugar. Estou em um futuro que nunca alcanço. E, não obstante, sigo viagem. Adeus.
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
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