quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Darwin e Hawthorne

Taylor que me desculpe. Ford que me perdoe. Um engenheiro que quer entender uma máquina a vapor deve não apenas entender o esquema geral de um pistão sendo comprimido por um gás quente oriundo de uma caldeira e então imprimindo impulso a um eixo que o transformará em movimento circular. O engenheiro que realmente desejar o poder de pensar alterações na máquina, conceber desenhos melhores, deverá também entender a propriedade de cada material. Entender o aço de que são feitos os eixos, para saber o que eles suportam ou não suportam. Em que condições quebrariam, em que condições deslizam melhor, etc.

A assim dita administração científica era como o engenheiro ingênuo que se preocupa apenas com o esquema geral. Se a fábrica constitui-se de um grande número de pessoas desenvolvendo certas tarefas, vamos fazer as pessoas desempenharem suas tarefas o mais rapidamente possível, o mais "eficientemente" possível. Muniram-se de um cronômetro. Isso é como entender o esquema geral sem entender a natureza do material constituinte. Finalmente, anos depois, aconteceu o famigerado experimento de Howthorne, para mostrar que a natureza das pessoas envolvidas nas atividades é sim um elemento a ser considerado.

Mas ainda está para nascer uma consciência global desse fato. Por que não estamos conquistando o espaço? Indo para outros planetas? Por que não estamos explorando intensivamente os rincões mais escondidos deste planeta em busca de seus segredos científicos? Por que um problema tão bobo como a fome permanece como um dos grandes cânceres da nossa sociedade? Por que na era do computador, da comunicação instantânea, da investigação de partículas muito menores que o átomo, guerras ainda são uma ocorrência frequente sobre o globo?

Não quero ser ingênuo e dizer que é "porque ainda não evoluímos", ou porque "estamos ignorando nossa natureza". Se assim a natureza se manifesta, então ainda que este não seja o melhor dos mundos, é este o único mundo real e entender sua verdadeira natureza através dos detalhes de sua manifestação é o único jeito de enxergar as escolhas realmente possíveis num futuro próximo. Mas, para isso, essa natureza deve ser vista como realmente é, sem idealismos distorcedores da verdade.

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