quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Invisíveis II

Na pastelaria aqui perto da estação de trem a coisa ainda se passa como há décadas. Os japoneses atrás do balcão, os pedidos marcados em papeizinhos, o ritmo do serviço impressionando qualquer gerente moderno de fast-food. Pedi meus pastéis. Meu caldo de cana com limão. E logo após ser servido, vi uma apresentação notável: os guardanapos de papel haviam acabado. Eles nunca ficam apenas empilhados, ficam dispostos em uma espiral de papel assombrosamente perfeita. Vi os papéis serem repostos. No meio de toda a correria, lá foi seu Yoshiro pegando a pilha de papéis com a mão, e rodando os dedos ao redor como que num passe de mágica, e eis que em segundos a obra de arte havia nascido. Ninguém mais na cidade seria capaz dessa perfeição, muito menos em tão pouco tempo. Um espetáculo silencioso, gratuito, quase secreto...

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