Véio, é foda! Ela qué viajá com as amiga dela, beleza. Mas mano, tô falando, se ela for nessa viagem aí que eu tô ligado que vai rolá os baile funk lá, maluco, eu vô tocá pras micareta com a galera também, e tô poco me fudendo! Cacete, ela já não deixa eu í dançá forró... acha que eu fico me esfregando e que as mina às vez vem pra dançá só porque tão a fim. Ela é muito troxa! Como se precisasse disso pra eu traí ela. Se eu quisé traí ela saio com minhas amiga de boa quando me der na telha, num vivo grudado nela! Você tá ligado que eu já traí ela várias vez. Porra, agora ela vem falar na cara larga que qué viajá pra essa festa, vai tomá no cú!
Namoram há seis anos. De todos os meus amigos de infância, são os únicos que estão prestes a casar. Exemplo de amor perfeito.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
domingo, 26 de abril de 2009
Impróprio
Madrugada. Cinco pessoas no carro, eu no banco da frente, passageiro. Conversávamos de tudo. Risadas na volta pra casa. Piadas com nossas vidas. Nossos passados que se entrecruzavam em histórias várias da infância. Semáforo vermelho: paramos.
- Olha a loirinha aí, você ia nela não é, se sela não tivesse seus quarenta anos já!
Olhei a tal para conferir. Que quarenta anos que nada. Mas só tinha um jeito de confirmar a dimensão do erro. Abri o vidro, cabeça pra fora:
- Ei! Posso fazer só uma perguntinha?! Quantos anos você tem?
Ela não me olhou. Olhou pra frente, tensa. Séria. Músculos do pescoço contraídos. Parecia amaldiçoar o semáforo que permanecia vermelho indiferente ao seu desespero de sumir dali. Meus amigos todos me condenaram: isso não se faz!
O que é que há com o mundo? "Isso não se faz!" Isso o que? Falar com outras pessoas?
- Ela deve ter pensado que a gente ia assaltá-la! A essa hora da noite!
Ah, claro! Pois é mesmo uma nova modalidade de assalto, veja só. Quantos anos você tem, pergunta o assaltante. Vinte e dois, responde a vítima. O nobre assaltante consulta então uma lista. Deixe-me ver... Vinte, carteira, vinte e um, o carro, vinte e dois, bolsa... E então grita: passa a bolsa!
A mitologia do medo esfumaça a vida!
- Olha a loirinha aí, você ia nela não é, se sela não tivesse seus quarenta anos já!
Olhei a tal para conferir. Que quarenta anos que nada. Mas só tinha um jeito de confirmar a dimensão do erro. Abri o vidro, cabeça pra fora:
- Ei! Posso fazer só uma perguntinha?! Quantos anos você tem?
Ela não me olhou. Olhou pra frente, tensa. Séria. Músculos do pescoço contraídos. Parecia amaldiçoar o semáforo que permanecia vermelho indiferente ao seu desespero de sumir dali. Meus amigos todos me condenaram: isso não se faz!
O que é que há com o mundo? "Isso não se faz!" Isso o que? Falar com outras pessoas?
- Ela deve ter pensado que a gente ia assaltá-la! A essa hora da noite!
Ah, claro! Pois é mesmo uma nova modalidade de assalto, veja só. Quantos anos você tem, pergunta o assaltante. Vinte e dois, responde a vítima. O nobre assaltante consulta então uma lista. Deixe-me ver... Vinte, carteira, vinte e um, o carro, vinte e dois, bolsa... E então grita: passa a bolsa!
A mitologia do medo esfumaça a vida!
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quinta-feira, 23 de abril de 2009
Cida
Lotação, uma pequena van dessas que a prefeitura anda espalhando por aí. Pessoas sentadas. Pessoas em pé. Sol. Calor. Janelas abertas. Olhares perdidos. Barulho do motor diesel sendo dirigindo de um modo qualquer. Dos solavancos nos buracos. Dos outros carros. Das obras pelas quais passamos. E uma voz: uma voz que insiste em se sobrepor a tudo isso.
Olho pra baixo. No banco à minha frente estão uma velhinha e uma moça. A velhinha falando muitas coisas rapidamente. A moça concordando e, de tempos em tempos, dizendo que é só descer no ponto final. A moça levantou. Sentei-me ao lado da velhinha.
Que bairro seria este por onde passávamos? Qual era o metrô mais próximo? Ela queria saber tudo. Aí eu queria saber também. De onde você vem? O que veio fazer pra esses lados da cidade? Quantos anos tem? Quantos filhos tem? É casada? E ela ia respondendo tudo. Sacou da bolsa fotos da família. De quando tinha dezoito anos. Linda. Vestindo roupas elegantes que ela mesmo fazia.
E eu olhava pra ela ali do meu lado. Baixinha, miúda, toda enrugada. E com um sorriso de rasgar a cara. De orelha a orelha. Pegara naquela manhã quatro ônibus e um metrô só pra ir ver um show gratuito com artistas desconhecidos. Contente. Feliz com sua história. Feliz do seu presente. Cida, chamava-se. Mais sábia que o mundo todo que já vi. Talvez só disso ela não saiba, e nem faz falta...
Olho pra baixo. No banco à minha frente estão uma velhinha e uma moça. A velhinha falando muitas coisas rapidamente. A moça concordando e, de tempos em tempos, dizendo que é só descer no ponto final. A moça levantou. Sentei-me ao lado da velhinha.
Que bairro seria este por onde passávamos? Qual era o metrô mais próximo? Ela queria saber tudo. Aí eu queria saber também. De onde você vem? O que veio fazer pra esses lados da cidade? Quantos anos tem? Quantos filhos tem? É casada? E ela ia respondendo tudo. Sacou da bolsa fotos da família. De quando tinha dezoito anos. Linda. Vestindo roupas elegantes que ela mesmo fazia.
E eu olhava pra ela ali do meu lado. Baixinha, miúda, toda enrugada. E com um sorriso de rasgar a cara. De orelha a orelha. Pegara naquela manhã quatro ônibus e um metrô só pra ir ver um show gratuito com artistas desconhecidos. Contente. Feliz com sua história. Feliz do seu presente. Cida, chamava-se. Mais sábia que o mundo todo que já vi. Talvez só disso ela não saiba, e nem faz falta...
terça-feira, 21 de abril de 2009
Presília
Ele deixou na caixinha do correio de casa uma presília. Não exatamente igual a que quebrou, aquele dia, no carro. Que desastrado... Dou muita risada com ele. Já namorei, já fui noiva, mas nenhum homem guarda para a vida adulta essa alegria de viver que com ele é algo espontâneo. Eu saí da cama como num dia qualquer, e veio minha mãe falando: "Filha! Deixaram uma cartinha pra você!". Uma cartinha... quem deixa cartinhas hoje em dia? Ele veio até a porta de casa, no meio da madrugada... E deixou uma carta. Está magoado comigo. Talvez ele suma.
Mas eu posso reclamar? O que eu fiz não foi errado? Eu devia ter contato a ele antes, e não acho errado ter finalmente contado, embora todos tenham dito pra guardar segredo. Não querer guardar esse segredo pra mim foi um egoísmo meu? Eu quis me sentir uma pessoa melhor e honesta ainda que isso trouxesse todo esse sofrimento e rancor a ele? E que eu o perdesse? E ainda assim, uma cartinha e a presília deixadas no meio da madrugada na porta de casa... Quem faz isso?
Mas eu posso reclamar? O que eu fiz não foi errado? Eu devia ter contato a ele antes, e não acho errado ter finalmente contado, embora todos tenham dito pra guardar segredo. Não querer guardar esse segredo pra mim foi um egoísmo meu? Eu quis me sentir uma pessoa melhor e honesta ainda que isso trouxesse todo esse sofrimento e rancor a ele? E que eu o perdesse? E ainda assim, uma cartinha e a presília deixadas no meio da madrugada na porta de casa... Quem faz isso?
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Parabéns
Contradições da vida. Mistérios da metafísica. Segredos do bicho homem. Vai entender...
Fazemos aniversário uma vez por ano. Ah, é uma festa. Chamar os amigos, comprar muita comida, muita mesmo; bebida. Cantar alto a mesma, manjada e pouco criativa música, sem se importar com isso. Soprar a velinha e fazer vários pedidos.
E olha que contradição: a festa, feita uma vez por ano cheia de alegrias e presentes, é para celebrar algo que é amaldiçoado todos os outros dias do ano: o envelhecimento, o invencível e inexorável passar do tempo.
Ou será que o aniversário é para comemorar só que mais um ano se passou e ainda estamos vivos? Que sobrevivemos ao tempo mais um pouquinho?
Na dúvida, tenho um plano: agora vou lembrar que sobrevivi cada segundo. Parabéns pra mim. De novo. E de novo. E mais uma vez. E de novo. Já ganhei quinze desejos. Dezoito agora. E parabéns mais uma vez!
Nem sei mais o que desejar. Talvez eu deseje mais comemorações. Todos em festa. Vamos celebrar todos os nossos idos segundos! Que tal? Que tal de novo? Vamos repetir a dose? Mais uma vez???
Fazemos aniversário uma vez por ano. Ah, é uma festa. Chamar os amigos, comprar muita comida, muita mesmo; bebida. Cantar alto a mesma, manjada e pouco criativa música, sem se importar com isso. Soprar a velinha e fazer vários pedidos.
E olha que contradição: a festa, feita uma vez por ano cheia de alegrias e presentes, é para celebrar algo que é amaldiçoado todos os outros dias do ano: o envelhecimento, o invencível e inexorável passar do tempo.
Ou será que o aniversário é para comemorar só que mais um ano se passou e ainda estamos vivos? Que sobrevivemos ao tempo mais um pouquinho?
Na dúvida, tenho um plano: agora vou lembrar que sobrevivi cada segundo. Parabéns pra mim. De novo. E de novo. E mais uma vez. E de novo. Já ganhei quinze desejos. Dezoito agora. E parabéns mais uma vez!
Nem sei mais o que desejar. Talvez eu deseje mais comemorações. Todos em festa. Vamos celebrar todos os nossos idos segundos! Que tal? Que tal de novo? Vamos repetir a dose? Mais uma vez???
domingo, 19 de abril de 2009
Ético
Ah, a crise política. O furação. A fome na África.
Ontem teve um assalto aqui perto. A família reagiu e a mãe foi morta com um tiro na cabeça. Os filhos e o pai assistiram tudo de camarote.
Vi no supermercado um rapaz cedendo a vaga no estacionamento à senhora que vinha em seu carro. Bem na hora, na mesma hora, um senhor veio dirigindo toda sua pressa e tomou a vaga.
Faz já sei lá quantos anos que explodiram as bombas no Japão. Ainda existem milhares de ogivas nucleares pelo mundo. Dizem que muitas delas ligadas a sistemas automáticos de defesa dos tempos da Guerra Fria. Mais hora menos hora o sistema se confunde com alguma coisa e lança um contra-ataque.
Vi no jornal ainda ontem que uma mãe deixava os três ou quatro filhos trancados em casa o dia inteiro, a noite toda, enquanto ia para bailes, saia, esquecia da vida. Os vizinhos davam comida para ela, já que era pobre, mas era o filho mais velho (de 5, 6 anos, algo assim) quem cuidava do fogão. Aos prantos.
Egoísmo, mediocridade. Tristeza aos montes por aí. Uma pequena batida de carro. Uma enorme falta de paciência. Um tiro que não precisava ter acontecido.
Ah! Como gosto das tragédias do mundo! Que ótimas desculpas são para minhas tristezas inconfessáveis!
Ontem teve um assalto aqui perto. A família reagiu e a mãe foi morta com um tiro na cabeça. Os filhos e o pai assistiram tudo de camarote.
Vi no supermercado um rapaz cedendo a vaga no estacionamento à senhora que vinha em seu carro. Bem na hora, na mesma hora, um senhor veio dirigindo toda sua pressa e tomou a vaga.
Faz já sei lá quantos anos que explodiram as bombas no Japão. Ainda existem milhares de ogivas nucleares pelo mundo. Dizem que muitas delas ligadas a sistemas automáticos de defesa dos tempos da Guerra Fria. Mais hora menos hora o sistema se confunde com alguma coisa e lança um contra-ataque.
Vi no jornal ainda ontem que uma mãe deixava os três ou quatro filhos trancados em casa o dia inteiro, a noite toda, enquanto ia para bailes, saia, esquecia da vida. Os vizinhos davam comida para ela, já que era pobre, mas era o filho mais velho (de 5, 6 anos, algo assim) quem cuidava do fogão. Aos prantos.
Egoísmo, mediocridade. Tristeza aos montes por aí. Uma pequena batida de carro. Uma enorme falta de paciência. Um tiro que não precisava ter acontecido.
Ah! Como gosto das tragédias do mundo! Que ótimas desculpas são para minhas tristezas inconfessáveis!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Pauta
Referencial. Tudo depende do referencial. E decisões precisam ser tomadas. Abstração ou a vida concreta? Daqui a pouco a vida já passou, e ficar decidindo não vai permitir que nem uma coisa e nem outra seja vivida.
Referencial: Como é que sou para mim? Onde busco sempre os olhares que me definem?
Bateu um carro lá embaixo, dá pra ver aqui da janela da sala. Devo me importar? Eu tenho minhas coisas para fazer. É um sucesso ter essas ocupações ou um fracasso não estar trabalhando nelas agora? Eu sou pra mim ou sou pro mundo?
Quero tudo, mas dizem que não pode.
Preciso pensar a respeito e chegar a um acordo.
A batida está atrapalhando o trânsito no cruzamento. Já estou em casa, não estou dirigindo: só acho engraçado mesmo.
Sou pra mim ou sou para os outros? Adam Smith me disse no bar que se eu fosse eu pra mim seria automaticamente o melhor eu para os outros também. Jesus discordou, mas já tinha bebido muito vinho. Marx veio me falar que o que contava mesmo era a sociedade. Tá Marx, mas quem é a sociedade, eu, você, ele ali na rua, quem? "Bem, veja que..." E me enrolou. Pensei em dar ouvidos ao Smith, mas quem fica se gabando da mão-invisível me cheira mais a batedor de carteira que só pensa em dinheiro.
Vejo que vou ter que decidir eu mesmo. Qual olhar me define?
Referencial: Como é que sou para mim? Onde busco sempre os olhares que me definem?
Bateu um carro lá embaixo, dá pra ver aqui da janela da sala. Devo me importar? Eu tenho minhas coisas para fazer. É um sucesso ter essas ocupações ou um fracasso não estar trabalhando nelas agora? Eu sou pra mim ou sou pro mundo?
Quero tudo, mas dizem que não pode.
Preciso pensar a respeito e chegar a um acordo.
A batida está atrapalhando o trânsito no cruzamento. Já estou em casa, não estou dirigindo: só acho engraçado mesmo.
Sou pra mim ou sou para os outros? Adam Smith me disse no bar que se eu fosse eu pra mim seria automaticamente o melhor eu para os outros também. Jesus discordou, mas já tinha bebido muito vinho. Marx veio me falar que o que contava mesmo era a sociedade. Tá Marx, mas quem é a sociedade, eu, você, ele ali na rua, quem? "Bem, veja que..." E me enrolou. Pensei em dar ouvidos ao Smith, mas quem fica se gabando da mão-invisível me cheira mais a batedor de carteira que só pensa em dinheiro.
Vejo que vou ter que decidir eu mesmo. Qual olhar me define?
quarta-feira, 15 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Essência
O nariz evoluiu para poder suportar os óculos. Confesso ter uma dificuldade em ver a extensão do gênio empreendido nesta frase. As pessoas menosprezam esta frase. E não percebem a extensa manifestação condensada de todas as lógicas aos domínios mais inexplorados da realidade: aqueles que estão presentes em nossa vida em todos os instantes. Discutiu-se muito já, nas filosofias várias que a História andou criando, a natureza do determinismo. O demônio de Descartes era capaz de conhecer o futuro com a mesma clareza com que se conhece o passado, tal era a rigidez das leis do universo. Veio a Termodinâmica e, mais importante que a segunda lei, a idéia de rendimento. As próprias leis da natureza tem um rendimento limitado, extendendo o conceito. Quando extendemos todas essas abordagens a sistemas muito complexos, tão complexos quanto a vida, é espantoso não notarmos a obviedade desta verdade direta e a profundidade de seu princípio oculto: o nariz evoluiu para poder suportar os óculos.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Isso posto...
O céu convidava a voar! Azul, desse azul infinito que vem de onde foi prá até aonde se vê. As árvores todas verdes. As flores contentes. As lápides secas e legíveis. Era um bom dia também para se caminhar pelo cemitério. E uma lápide, em particular, me chamou a atenção. Nela lia-se...
"Julgaram-me depressivo. Julgaram-me dependente de fracassos inventados. Tolos! Leram em minhas tristezas um certo despropósito em existir. Não! Pois é justo agora, neste leito pleno de felicidade que me julgo pronto para morrer. Não construí nenhuma felicidade em minha vida fechando os olhos para a tristeza. Sempre a olhei nos olhos, à mesma altura. Sempre a abracei forte, levava-a comigo pelas caminhadas. Destes, destes todos que me tomam agora por triste lendo as palavras escondidas em meus diários debaixo da escada, de vocês é que sinto pena. Desta felicidade solitária segregadora dos sentimentos todos do mundo. Queria que experimentassem ao menos uma vez a sensação de fazer a própria Tristeza, companheira ao seu lado, rir de seus comentários. Além do mais, que outra amiga me mostraria com tamanha dedicação, os esconderijos da originalidade? A vida não é a felicidade! É o nascer da felicidade. Assim como a arte não é o quadro. Não é a Monalisa. Não é uma tela de Van Gogh. Arte é a tela em branco na hora que a tinta molha. É desenterrar a cor. Agradeço à tristeza por cada segundo de sua companhia. E agora que ela se foi, em protesto retiro-me também, desta que foi uma vida incompreensivelmente feliz."
"Julgaram-me depressivo. Julgaram-me dependente de fracassos inventados. Tolos! Leram em minhas tristezas um certo despropósito em existir. Não! Pois é justo agora, neste leito pleno de felicidade que me julgo pronto para morrer. Não construí nenhuma felicidade em minha vida fechando os olhos para a tristeza. Sempre a olhei nos olhos, à mesma altura. Sempre a abracei forte, levava-a comigo pelas caminhadas. Destes, destes todos que me tomam agora por triste lendo as palavras escondidas em meus diários debaixo da escada, de vocês é que sinto pena. Desta felicidade solitária segregadora dos sentimentos todos do mundo. Queria que experimentassem ao menos uma vez a sensação de fazer a própria Tristeza, companheira ao seu lado, rir de seus comentários. Além do mais, que outra amiga me mostraria com tamanha dedicação, os esconderijos da originalidade? A vida não é a felicidade! É o nascer da felicidade. Assim como a arte não é o quadro. Não é a Monalisa. Não é uma tela de Van Gogh. Arte é a tela em branco na hora que a tinta molha. É desenterrar a cor. Agradeço à tristeza por cada segundo de sua companhia. E agora que ela se foi, em protesto retiro-me também, desta que foi uma vida incompreensivelmente feliz."
terça-feira, 7 de abril de 2009
Farol
-Tio, leva uma bala?
-Não.
-Tem uma moeda pra mim?
-Não.
-Tio, tem um trocado?
-Tó, toma aqui. Me fala, o que você quer ser quando crescer?
-Eu quero ser motorista de caminhão!
...
-Eu quero ser bailarina!
-Eu quero ter um carro pra mim.
...
-Eu quero ser bombeiro.
-Eu quero ser policial.
...
-Então nunca desista tá? Promete pra mim que vai estudar
bastante?
-Prometo!
-Ó, vem cá... Vão desanimar você. Vão falar que é impossível,
mas não desista nunca! Nunca! Se VOCÊ não desistir, você pode
ser o que você quiser? Combinado? Então toca aqui!
...
-Tio, tem um trocado?
-Tó, toma aqui. Me fala, o que você quer ser quando crescer?
-Ih, nada não tio.
-Nada? O que você sonha, o que você gostaria de ser?
Olhos pro chão. Movimentos quietos. Voz pra dentro:
-Tanto faz, quero nada não.
Farol vermelho: hora de parar.
-Não.
-Tem uma moeda pra mim?
-Não.
-Tio, tem um trocado?
-Tó, toma aqui. Me fala, o que você quer ser quando crescer?
-Eu quero ser motorista de caminhão!
...
-Eu quero ser bailarina!
-Eu quero ter um carro pra mim.
...
-Eu quero ser bombeiro.
-Eu quero ser policial.
...
-Então nunca desista tá? Promete pra mim que vai estudar
bastante?
-Prometo!
-Ó, vem cá... Vão desanimar você. Vão falar que é impossível,
mas não desista nunca! Nunca! Se VOCÊ não desistir, você pode
ser o que você quiser? Combinado? Então toca aqui!
...
-Tio, tem um trocado?
-Tó, toma aqui. Me fala, o que você quer ser quando crescer?
-Ih, nada não tio.
-Nada? O que você sonha, o que você gostaria de ser?
Olhos pro chão. Movimentos quietos. Voz pra dentro:
-Tanto faz, quero nada não.
Farol vermelho: hora de parar.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Jogado
Cadê? Onde está aquele pedaço de eu que eu sei que existe? Que não me deixa aqui inteiro por se furtar insistentemente a qualquer livre aprisionamento que eu tente? Cadê aquele eu do andar sozinho entre as árvores? Aquele eu das conversas sem fim com tão grandes amizades? Aquele eu das empolgações intermináveis dos trabalhos bem feitos?
Pra onde se rouba o existir assim que nos deixa sem controle? Do que é feita a empolgação que se sente assim tão no limiar o tempo todo?
Quando foi que a vida ficou tão grande que não cabe mais no agora?
Vou comrpar bolachas, deu fome.
Pra onde se rouba o existir assim que nos deixa sem controle? Do que é feita a empolgação que se sente assim tão no limiar o tempo todo?
Quando foi que a vida ficou tão grande que não cabe mais no agora?
Vou comrpar bolachas, deu fome.
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Defenestrações,
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sábado, 4 de abril de 2009
Agenda
Cumpri todas as minhas tarefas. As minhas metas começaram a ser alcançadas. Aquele dia em que sentei diante da folha de papel, organizei as tarefas pendentes e minhas metas em cada uma delas. Aquele instante de desejo eu estava contemplando agora, desfrutando do prazer de vencer os desafios que impus a mim mesmo.
Era o prelúdio dos piores dias do ano. Que durariam um... dois... três meses talvez. Uns cinco, sendo mais sincero aqui.
Tinha os objetivos que não estavam escritos. Achei por bem que não os iria contabilizar, assim não corria o risco do fracasso.
Não sei ainda como é que eles foram contabilizados. Quando é que se consumaram como objetivos. Mas essa ignorância voluntária em desconsiderá-los cavou um buraco fundo em que caí cego, sempre olhando pra frente e sorrindo feliz.
Meses de desânimo, levando tudo com enorme peso. Com uma vontade irresistivel de cair num canto e ficar fazendo nada.
Era eu dentro de mim tendo problemas sérios de excesso de sinceridade comigo mesmo. Coisas que não são práticas, essas coisas que são certas.
Era o prelúdio dos piores dias do ano. Que durariam um... dois... três meses talvez. Uns cinco, sendo mais sincero aqui.
Tinha os objetivos que não estavam escritos. Achei por bem que não os iria contabilizar, assim não corria o risco do fracasso.
Não sei ainda como é que eles foram contabilizados. Quando é que se consumaram como objetivos. Mas essa ignorância voluntária em desconsiderá-los cavou um buraco fundo em que caí cego, sempre olhando pra frente e sorrindo feliz.
Meses de desânimo, levando tudo com enorme peso. Com uma vontade irresistivel de cair num canto e ficar fazendo nada.
Era eu dentro de mim tendo problemas sérios de excesso de sinceridade comigo mesmo. Coisas que não são práticas, essas coisas que são certas.
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quarta-feira, 1 de abril de 2009
Química
Observei num poderoso microscópio várias moléculas diferentes. Não muito versado nos mistérios da química, muito menos nos meandros impercorríveis da física quântica, decidi observar o que quase toda criança um dia compreendeu de certa maneira. A água, toda simples, com seus dois hidrogênios e seu oxigênio. Curiosamente, as bolotas de moléculas que eu vi não eram "molhadas". Eu vi a água mais de perto do que qualquer outro, e não sei mais o que é o "molhado" tal como eu conhecia. Depois eu quebrei a molécula. Estava ali, diante de mim, e eu joguei os hidrogênios para um lado, e o oxigênio para outro. Mudou tudo. Era a mesma coisa ainda, mas não era mais o que estava lá. Não era como uma xícara rachada ao meio, eram coisas surgidas do nada, e o desaparecimento de uma outra. Percebe?
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