Lotação, uma pequena van dessas que a prefeitura anda espalhando por aí. Pessoas sentadas. Pessoas em pé. Sol. Calor. Janelas abertas. Olhares perdidos. Barulho do motor diesel sendo dirigindo de um modo qualquer. Dos solavancos nos buracos. Dos outros carros. Das obras pelas quais passamos. E uma voz: uma voz que insiste em se sobrepor a tudo isso.
Olho pra baixo. No banco à minha frente estão uma velhinha e uma moça. A velhinha falando muitas coisas rapidamente. A moça concordando e, de tempos em tempos, dizendo que é só descer no ponto final. A moça levantou. Sentei-me ao lado da velhinha.
Que bairro seria este por onde passávamos? Qual era o metrô mais próximo? Ela queria saber tudo. Aí eu queria saber também. De onde você vem? O que veio fazer pra esses lados da cidade? Quantos anos tem? Quantos filhos tem? É casada? E ela ia respondendo tudo. Sacou da bolsa fotos da família. De quando tinha dezoito anos. Linda. Vestindo roupas elegantes que ela mesmo fazia.
E eu olhava pra ela ali do meu lado. Baixinha, miúda, toda enrugada. E com um sorriso de rasgar a cara. De orelha a orelha. Pegara naquela manhã quatro ônibus e um metrô só pra ir ver um show gratuito com artistas desconhecidos. Contente. Feliz com sua história. Feliz do seu presente. Cida, chamava-se. Mais sábia que o mundo todo que já vi. Talvez só disso ela não saiba, e nem faz falta...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
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