terça-feira, 21 de abril de 2009

Presília

Ele deixou na caixinha do correio de casa uma presília. Não exatamente igual a que quebrou, aquele dia, no carro. Que desastrado... Dou muita risada com ele. Já namorei, já fui noiva, mas nenhum homem guarda para a vida adulta essa alegria de viver que com ele é algo espontâneo. Eu saí da cama como num dia qualquer, e veio minha mãe falando: "Filha! Deixaram uma cartinha pra você!". Uma cartinha... quem deixa cartinhas hoje em dia? Ele veio até a porta de casa, no meio da madrugada... E deixou uma carta. Está magoado comigo. Talvez ele suma.

Mas eu posso reclamar? O que eu fiz não foi errado? Eu devia ter contato a ele antes, e não acho errado ter finalmente contado, embora todos tenham dito pra guardar segredo. Não querer guardar esse segredo pra mim foi um egoísmo meu? Eu quis me sentir uma pessoa melhor e honesta ainda que isso trouxesse todo esse sofrimento e rancor a ele? E que eu o perdesse? E ainda assim, uma cartinha e a presília deixadas no meio da madrugada na porta de casa... Quem faz isso?

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