As paixões se instalam uma por vez. Neste coração primeiro. Naquele depois. Nunca junto. Nunca simultâneo. É deste descompasso de amores que padecem os desamados, nunca da ausência completa do amor.
Ele a quisera desmedidamente. Fez planos. Aceitou em paz que se tornaria então um adulto. Adulto de ter a própria casa, as próprias contas, os próprios filhos, a própria história. E ela não o amou. E ela o deixou. A vida, ah! Caprichosa... Não os deixou afastarem-se mais que o necessário para que certas feridas se solidificassem em cicatrizes maquiáveis. Redescobriram-se. Amigos. Amigos... E com o passar do tempo a tranquilidade excessiva dele vai soando aos olhos dela mais e mais como um cotidiano perfeito. Uma companhia desejável. Não era como o namoro em que suas carências a tinham metido. Era... era leve. Era natural.
- Eu te amo, ela disse.
- Duvido!, ele pensou, esbravejando dentro de si. Contra ela e contra a história. E silenciou. E desviou o olhar.
Desejo. Corpos se faltando. Mordidas em orelhas escondidas na escuridão. Umas nas costas. Vozes aquecidas em suspiros graves. Suores misturados.
E não se amam mais. Não ao mesmo tempo.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário