Li as Noites Brancas e saí pra passear ao lado de um belo riacho.
Margem calçada de pedras velhas e ásperas.
Tinha a mão direita entrelaçada à mão de uma Nástienhka imaginária.
Tão material em mim que a mão esquentava.
Olhei ao horizonte, o Sol brincando de jogar as sombras lá longe.
Eu brincando de jogar o impossível mais perto.
E a Nástienhka ria. Imaginária e ria, desobediente, malandra que era. Um encanto.
Sem menos ou mais, ela tropeçou. Uma pedra ou um musgo a abalar o equilíbrio da mulher.
Caiu com a testa numa pedra pontuda.
Sangrava, eu a agitando em meus braços, aos gritos e soluços, desesperado.
Numa mesa de bar logo ali na esquina ria o próprio Dostoiévski a dar de ombros:
- Esse aí não cuida nem de um draminha curtinho, é novato!
O Camus, no bar da outra esquina, é que achou o máximo. Vibrou, até!
E virava outra vodka, batendo o copo na mesa.
O sol estava circulando o horizonte, que ir por cima de tudo de leste a oeste já lhe era monótono.
As sombras faziam círculos em volta das coisas. O sangue escorria da testa da minha Nástienkha, fugindo de sua sombra.
Veio a mão ao meu ombro, quase acusando. Virei-me.
A Nástienkha, em pé, brava a me olhar condenando de todas as formas silenciosas que se têm para condenar.
A Nástienkha, em meus braços, morrendo por um pequeno deslize, falta de cuidado meu? Fatalidade? Imperícia de meus socorros?
Por uma eu chorava. Da outra eu tinha raiva e queria gritar para ela me deixar em paz, que não era culpa minha.
sábado, 4 de dezembro de 2010
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