terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Você
Você me enxerga. Eu me escondo. Atrás da pedra. Você olha. E me vê. E não vê a pedra. Eu tenho olhos verdes. Verdes claros. Verde forte, fosforecente. Verde criptonita. Radioativo. E estou triste. E você me olha. E vê cinza. E vê escuro. E ninguém mais vê. Você me toca. Me toca com sede. Me toca tentando trocar nossos corpos. Aperta. Marca. Arranha. Sangra. Engole. Você é doce. É risonha. É linda. É séria. É mulher. É gostosa. Você me provoca. Você me desperta. Você me deseja. Você me faz te desejar. Você desnuda meu corpo, meus segredos, minhas mentiras, minhas dúvidas. Você é presente. Você é errada. Você é novidade. Você quebra todos os padrões das minhas caretices tuberculósicas que tossem conveniências repetitivas por aí. E não traz padrões novos. Traz tela. Traz tinta. Não traz pincel. Convida a pintar com a mão. Com os pés. Com a cara. Você é ilícita. Você é proibida. Você é diferente. Você é corrosiva. Você é perigosa. Você é irrecomendável. Você é inusitada. Você é exótica. Você é possessiva. Você é ciumenta. Você é carinhosa. Você é problemática. Você é irresistível.
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