Caminhei pela cidade de dia,
Andando sem parar, nunca parar
Debaixo de Sol, em bairros bonitos
Em bairros feios, favelas
No meio de feiras
Em ruas desertas
Anoiteceu, anoiteceu e continuei andando
E queria sair dali, sair da cidade
E eu raciocinava a direção do norte
E ponderava minhas escolhas de curvas
E continuei andando
E não havia saída.
A cidade, perfeita ou problemática,
Rica ou pobre
A cidade, cenário de todas as possibilidades
Dessa vida que me engole,
Não tem saída.
E eu lá, só andando, e não há saída.
A cidade me engoliu.
Era outro dia já. E eu continuava andando.
Ao leste, andando ao leste sempre ao leste.
Assim de frente encaro o Sol
Lhe cuspo em revolta
Lhe deixo rir de mim,
Como impedir?
Caminhei, caminhei, caminhei
caminhei, caminhei, caminhei
caminhei caminhei caminhei caminhei
caminheicaminheicaminheicaminhei...
Até que a última gota de disposição queimou
Em alguma célula cansada de meus músculos
Caí ajoelhado no coração da cidade,
Na Praça da Sé
E, exausto, não conseguia mais pensar
Onde era o leste, onde era o norte,
O que era o Sol, o que era a Lua
E assim, sem pensar na fuga,
Sem ter na visão da minha mente
A sede do ar livre
Desci para o Parque Dom Pedro
Lá estava, salgada e tranquila,
Do outro lado da rua,
A praia, já do lado de fora
Onde deitei e durmi e acordei queimado e feliz.
sábado, 18 de dezembro de 2010
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