As palavras têm rosto
Claro que têm
Um rosto diferente do meu
E que eu não sei se é mais bonito
E que não sei se é mais feio
E ainda assim, de certa forma
É um rosto que também é meu
E quando me olham nos olhos
Esses outros olhos
Por vezes gostam
Por vezes não
E se me gostam nos meus olhos
Meus olhos mesmo
Se me gostam ou não
É coisa que, com aquela,
Não guarda relação
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
Teatro
Uma calça se transforma em um cachecol. Em um laço. Em uma cerca. Em uma serpente ameaçadora.
Um pote plástico transmuta-se num tambor. Numa bomba. Num tijolo. Num livro.
Um coador plástico de repente é uma lupa, uma válvula, uma máscara.
E nos ensaios, os mundos faz de conta impunham-se reais. E cada hora ali provava que os sonhos mais impossíveis aconteciam, diante dos olhos de todos, e as pessoas viam, viviam, e as estrelas, de inveja, tremiam.
Um pote plástico transmuta-se num tambor. Numa bomba. Num tijolo. Num livro.
Um coador plástico de repente é uma lupa, uma válvula, uma máscara.
E nos ensaios, os mundos faz de conta impunham-se reais. E cada hora ali provava que os sonhos mais impossíveis aconteciam, diante dos olhos de todos, e as pessoas viam, viviam, e as estrelas, de inveja, tremiam.
sábado, 28 de setembro de 2013
Primeira Lei da Termodinâmica
É uma troca justa: quando a vida acontece, a arte espera. E vice-versa.
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Inquieto
Quem é você? Quem é você, que eu vejo de longe, que eu imagino? Quem é você que eu leio à noite em trechos jogados? Quem é você que aparece e some? Dona de desejos alegres, vivos, um sorriso inspirador. Quem é você que não está quando eu apareço? Que quando a porta se abre, não está? Que quando não procuro escreve dizendo "estava lá!". Vou te dar um abraço apertado pelos últimos dezesseis bilhões de anos em que a gente não se fala... e, quem sabe, um beijo...
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Estúdio
Ele chegou cedo. Ficou sentado num canto, do lado da mesa de som, de frente para o palco. Pessoas foram chegando. Em casais, em grupos. Ele olhando. Batucando na perna, na bota, e olhando. E a banda seguia tocando músicas e mais músicas. As pessoas ouviam, dançavam, olhavam, se beijavam, se conversavam, se misturavam. E ele ali, olhando. Ansioso, o tempo não passava nunca. Desesperado, o tempo passava rápido demais.
Dos garimpos
Nos melhores garimpos do mundo, quantas e quantas toneladas de terra são retiradas para cada grama de ouro encontrada?
Quantos metros cúbicos das mais pesadas rochas são extraídas e destruídas para cada pequeno diamante descoberto?
Nos melhores garimpos da vida, quantas e quantas pessoas você receberá com o melhor de você até encontrar aquela pessoa especial que valeu todas as tentativas?
Com as pessoas mais profundas que conhece, quantas e quantas horas de experiências e conversas triviais até encontrar seus valores mais profundos e sua humanidade mais verdadeira?
Procure diamantes, mas procure-os nas almas. Só esses são eternos e ternos.
Quantos metros cúbicos das mais pesadas rochas são extraídas e destruídas para cada pequeno diamante descoberto?
Nos melhores garimpos da vida, quantas e quantas pessoas você receberá com o melhor de você até encontrar aquela pessoa especial que valeu todas as tentativas?
Com as pessoas mais profundas que conhece, quantas e quantas horas de experiências e conversas triviais até encontrar seus valores mais profundos e sua humanidade mais verdadeira?
Procure diamantes, mas procure-os nas almas. Só esses são eternos e ternos.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Deixa
Procrastinar... Eu não sei porque faço isso, se por desgosto das coisas que tenho por fazer, ou se por paixão desses instantes de não fazer nada em que todos os esforços mentais dedicam-se a sonhar com o futuro, desenhá-lo de infinitas formas possíveis e impossíveis.
Cada fazer cessa um sonho. Eu gosto de sonhar...
Cada fazer cessa um sonho. Eu gosto de sonhar...
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terça-feira, 24 de setembro de 2013
Beijo
Ah, querida! Quero você livre, quero você livre... E, livre como lhe quero, lhe deixarei, e deixei que construa seus infernos todos. E aí, quem sabe assim num dia, não descobre suas mãos e palavras também capazes de criar paraísos? Porque lá fora no mundo tudo é os dois: o certo e o errado, o bom e o ruim. E mais: e dentro da gente também! De mim, quis sempre investigar as dúvidas e os receios. Deixei que trouxesse todos à tona. Apaixonou-se pelo melhor de mim e feriu-se desenterrando meu pior. Por que perguntar pelas dúvidas depois dos dias de silêncio ao invés de comemorar a quebra da distância? Por quê? Eu não sou nem quero ser o último porto seguro do acolhimento incondicional.
Desculpe, talvez eu até pudesse concordar que há coisas no mundo que não são como deveriam ser se, por princípio, eu já não pensasse que a natureza é a medida final e que errado é substituí-la por imaginações idealísticas. É assim que funcionamos, eu você e todos. É aí que nossa assimetria nasceu, e se foi contra você, poderia muito bem ter sido contra mim. Acasos... A que me refiro? A esta mecânica no afeto: se morres por mim, morres em mim.
Desculpe, talvez eu até pudesse concordar que há coisas no mundo que não são como deveriam ser se, por princípio, eu já não pensasse que a natureza é a medida final e que errado é substituí-la por imaginações idealísticas. É assim que funcionamos, eu você e todos. É aí que nossa assimetria nasceu, e se foi contra você, poderia muito bem ter sido contra mim. Acasos... A que me refiro? A esta mecânica no afeto: se morres por mim, morres em mim.
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Deprimido
Não há muito o que fazer quando não se acredita nos compromissos.
Vão se esvaziando todas as atividades, as ocupações.
E meus desânimos desincentivam minhas forças.
E minhas forças se minguam tristes.
E meus silêncios se emparedam.
E minhas paredes esfriam.
E meus rins se cansam.
Meus pulmões param.
Meu ar cessa.
Morro.
Não há muita poesia numa vida de dúvidas.
E minhas dúvidas engessam meus dias.
Nada acontece, há anos.
Os dias pararam.
Estou parado.
Estático.
Parado.
Outro dia quis ter outra vida,
Uma vida diferente dessa,
Uma vida com ânimos.
Uma vida de risos.
Existência feliz.
Sorrir sempre.
Olhar bom.
Feliz
A depressão é assim funda
Funda e imunda e suja
E pegajosa e oca
e infinita
pra baixo
f
u
n
d
o
Vão se esvaziando todas as atividades, as ocupações.
E meus desânimos desincentivam minhas forças.
E minhas forças se minguam tristes.
E meus silêncios se emparedam.
E minhas paredes esfriam.
E meus rins se cansam.
Meus pulmões param.
Meu ar cessa.
Morro.
Não há muita poesia numa vida de dúvidas.
E minhas dúvidas engessam meus dias.
Nada acontece, há anos.
Os dias pararam.
Estou parado.
Estático.
Parado.
Outro dia quis ter outra vida,
Uma vida diferente dessa,
Uma vida com ânimos.
Uma vida de risos.
Existência feliz.
Sorrir sempre.
Olhar bom.
Feliz
A depressão é assim funda
Funda e imunda e suja
E pegajosa e oca
e infinita
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oasdkffawjroi23oi
domingo, 22 de setembro de 2013
Três da tarde
Se eu estou criando, estou feliz. Que importa a criação em si, afinal? Sua qualidade, seu acabamento? Deus, o criador supremo, que nós mesmos veneramos e tudo o mais, num momento de inspiração não se deu ao trabalho de fazer nada melhor do que este mundo que está aí fora. Que qualquer um poderia imaginar melhor sem a mínima dificuldade. Que tanto trabalho dá a teólogos e filósofos para a elaboração de pesadas justificativas para os problemas existentes dentro dos moldes de alguma lógica maior. Que tão ridículo torna o otimismo incontorcível de Pangloss. Estou criando, e estou feliz. Ficar sentado à beira da cama, olhando a sombra dos móveis mudar de lugar... Isso não legal. Mudar o mundo, isso não é pra mim. Não de forma desesperada. Mudo o mundo sendo o que sou e deixando que as conseqüências reverberem. Não quero mudar o mundo dos outros, quero meu mundo aos meus moldes. Quem se inspirar, que faça um bom proveito do que vê.
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sábado, 21 de setembro de 2013
Geopolítica
Quando eu estava na primeira guerra mundial, não sabia de que lado lutar. Acordava, abria o guarda roupa e escolhia das fardas a mais bem passada. E aí ia para o lado do exército de farda igual. Curioso... Pensando agora, nessa retrospectiva figurinística, quem realmente decidia de que lado da guerra eu ia lutar era minha mulher. Farda tal mais bem passada, luto com os franceses. Farda outra mais bem passada, engomada, luto com os alemães. Não falo francês nem alemão, e isso pouco importava. A gente dava tiro, e tiro é tudo igual não importa em que língua. Ainda hoje fico sem entender como é que os alemães foram perder a guerra se de todos os exércitos que se meteram a besta nessa de brigar eram eles os que tinham as fardas sempre mais bem passadas e engomadas!
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sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Algema
Não, não! Pelo amor de Deus, não me olhe assim em todos os instantes, em todas as frestas! Onde é que eu deixo meu eu sozinho se você me absorver assim?! Eu serei seu apenas na medida em que eu existir sozinho para me reformar, me purificar, me individualizar de novo até restituir minha unidade depois de cada vez que nos misturarmos. Só com duas unidades completas é que se soma uma dupla, não é mesmo? Preciso da minha solidão. Deixe meus espaços de solidão em paz.
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quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Massa zero
Você por acaso já acordou e, ao olhar em volta, ao olhar pra você... Ao olhar pela janela... de repente sentiu essa profunda sensação de não ter certeza de quem é? Sua vontade para as coisas do dia não existe, você não a encontra. Seus trabalhos não fazem sentido. Não há um desespero, uma razão profunda para que você saia da cama e vá movimentar-se pelas próximas horas. Pouca diferença faz sair ou não. Nenhuma diferença faz. Seu dinheiro chegará da mesma forma. As pessoas lhe tratarão bem, com apreço, quer você vá quer você fique. Nada mudará no mundo. Seu existir se iguala a um inexistir e você então fica atordoado diante da magnitude transuniversal dessa incontornável insignificância. Já se sentiu assim? Não é nada interessante...
O mundo continua lá fora a despeito total do que sinto aqui dentro. À revelia do que faço, do que deixo de fazer, do que sou, do que não sou.
Li que os físicos detectam no espaço a presença de matéria escura pelo efeito gravitacional que ela exerce à sua volta. Um sujeito sem gravidade social é efetivamente um sujeito sem massa social? Sou um humano verbalizado, letrado, vestido e vacinado, e ainda assim, de certa forma, um apêndice da sociedade.
Não se interessam pelo que penso do petróleo, das crianças doentes, da fome, das doenças, das desigualdades ou das guerras. Eu também, para todos os efeitos mensuráveis, diante de todas as marcas que estou deixando para os arqueólogos de daqui a mil anos, também não me interesso por nada disso.
Já acordou assim algum dia?
O mundo continua lá fora a despeito total do que sinto aqui dentro. À revelia do que faço, do que deixo de fazer, do que sou, do que não sou.
Li que os físicos detectam no espaço a presença de matéria escura pelo efeito gravitacional que ela exerce à sua volta. Um sujeito sem gravidade social é efetivamente um sujeito sem massa social? Sou um humano verbalizado, letrado, vestido e vacinado, e ainda assim, de certa forma, um apêndice da sociedade.
Não se interessam pelo que penso do petróleo, das crianças doentes, da fome, das doenças, das desigualdades ou das guerras. Eu também, para todos os efeitos mensuráveis, diante de todas as marcas que estou deixando para os arqueólogos de daqui a mil anos, também não me interesso por nada disso.
Já acordou assim algum dia?
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quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Exorcismo
Sai, saia daqui! Saia de dentro de mim!
Preciso tirar esse demônio de mim. Esses demônios todos. Essa confraria do mal. Esse inferno inteiro do meu íntimo preciso tirar agora imediatamente.
E esse demônio sou eu.
Preciso deixar de ser outro a cada pequeno depois.
Preciso deixar de lembrar das coisas erradas.
Preciso deixar de precisar dessas necessidades que corroem.
Desejos diferentes, sonhos, sabores. Meu paladar muda a toda hora. Já experimentou isso? Já leu Shakespeare e Paulo Coelho na mesma noite e ficou em dúvida sobre quem seria genial? Já ouviu a suíte para cellos de Vivaldi e depois arrematou com um bom e adequado Zezé di Camargo & Luciano? Nem eu cheguei a tanto, mas hipérboles me divertem num sarcasmo de sorriso largo.
Que nojo de mim. Que podre. Quero o casamento eterno e apaixonado. Quero a putaria porca e imunda dos relacionamentos despurodados de segundos.
Quero todas as vidas. E nenhuma dessas é minha vida.
Preciso tirar esse demônio de mim.
E depois experimentar demônios diferentes. Porque é incorrigível. Porque não vou achar graça em corrigir.
Preciso tirar esse demônio de mim. Esses demônios todos. Essa confraria do mal. Esse inferno inteiro do meu íntimo preciso tirar agora imediatamente.
E esse demônio sou eu.
Preciso deixar de ser outro a cada pequeno depois.
Preciso deixar de lembrar das coisas erradas.
Preciso deixar de precisar dessas necessidades que corroem.
Desejos diferentes, sonhos, sabores. Meu paladar muda a toda hora. Já experimentou isso? Já leu Shakespeare e Paulo Coelho na mesma noite e ficou em dúvida sobre quem seria genial? Já ouviu a suíte para cellos de Vivaldi e depois arrematou com um bom e adequado Zezé di Camargo & Luciano? Nem eu cheguei a tanto, mas hipérboles me divertem num sarcasmo de sorriso largo.
Que nojo de mim. Que podre. Quero o casamento eterno e apaixonado. Quero a putaria porca e imunda dos relacionamentos despurodados de segundos.
Quero todas as vidas. E nenhuma dessas é minha vida.
Preciso tirar esse demônio de mim.
E depois experimentar demônios diferentes. Porque é incorrigível. Porque não vou achar graça em corrigir.
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terça-feira, 17 de setembro de 2013
Completa
Sexo. Sabe como funciona? Antes de mais nada, tem que haver tesão...
Sim sim, você ama a pessoa, você respeita, você trata bem e tudo mais. Isso talvez seja pré-requisito para você entrar na brincadeira. Mas uma vez que aceitaram teu ingresso, jogue-o fora. Agora o papo é outro...
Tesão. Uma espécie de sede selvagem. A boca salivando querendo sentir o sabor de tudo. O corpo querendo contato. Suor. Carinhos que oscilam entre leves afagos e arranhados. Gemidos de desespero. Mais, mais maismais! Algo incontido! Tem que transbordar.
É isso: selvagem. E no entato, impressionante, não nos contentamos só com isso. A pessoa com quem estamos importa. Existem por aí muitas que gritariam mais. Outras, quem sabe, pulalriam em cima de mim e me deixariam louco. Será?
Minha falta de empatia se transfigura fácil em um tipo de desprezo. Não consigo ir pra cama com qualquer uma. Uma gostosa, gostosíssima que todos invejariam... Se for burra, ruim de papo, não vai rolar... Minha mente vai se abstrair de tudo aquilo e ficar meditando no quão vil é aquela pessoa... E nada mais vil que sexo, que é o que eu quero, que é o que eu gosto... Mas tem que ser com alguém que tem vida. Talvez isso seja porque os espíritos não tolerem deixar os corpos ali, sozinhos, transando... Querem transar também. Espírito copulando com espírito. E, para isso, precisam se querer. E tesão de espírito não é por questões de corpo, já que são imateriais. Obviedades...
Tem loira gostosa com espírito canhão desdentado. Tem mina meio capenga com espíritos deslumbrantemente tesudos.
E se eu achar a melhor das combinações, agarro e não largo nunca mais!
Sim sim, você ama a pessoa, você respeita, você trata bem e tudo mais. Isso talvez seja pré-requisito para você entrar na brincadeira. Mas uma vez que aceitaram teu ingresso, jogue-o fora. Agora o papo é outro...
Tesão. Uma espécie de sede selvagem. A boca salivando querendo sentir o sabor de tudo. O corpo querendo contato. Suor. Carinhos que oscilam entre leves afagos e arranhados. Gemidos de desespero. Mais, mais maismais! Algo incontido! Tem que transbordar.
É isso: selvagem. E no entato, impressionante, não nos contentamos só com isso. A pessoa com quem estamos importa. Existem por aí muitas que gritariam mais. Outras, quem sabe, pulalriam em cima de mim e me deixariam louco. Será?
Minha falta de empatia se transfigura fácil em um tipo de desprezo. Não consigo ir pra cama com qualquer uma. Uma gostosa, gostosíssima que todos invejariam... Se for burra, ruim de papo, não vai rolar... Minha mente vai se abstrair de tudo aquilo e ficar meditando no quão vil é aquela pessoa... E nada mais vil que sexo, que é o que eu quero, que é o que eu gosto... Mas tem que ser com alguém que tem vida. Talvez isso seja porque os espíritos não tolerem deixar os corpos ali, sozinhos, transando... Querem transar também. Espírito copulando com espírito. E, para isso, precisam se querer. E tesão de espírito não é por questões de corpo, já que são imateriais. Obviedades...
Tem loira gostosa com espírito canhão desdentado. Tem mina meio capenga com espíritos deslumbrantemente tesudos.
E se eu achar a melhor das combinações, agarro e não largo nunca mais!
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segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Aquele chato do bar
Ele era um grande de um filho da puta que sabia desde sempre que aquilo era pra lugar nenhum. E claro que não contou pra ela. Sabia que ela acreditava ter achado um grande amor, e sabia que seria incapaz de corresponder. E não contou pra ela. Um grande de um filho da puta. Desses que às vezes dava calote até no bar em que passava todas as tardes bebendo com os amigos. Falando mal dos outros. Contabilizando mulheres. Aumentando e inventando vantagens.
Ele era um grande de um filho da puta. Mas é fato: a gente ria com ele. Ele falava com desdém, quase cuspindo pro lado, todas essas coisas que se às vezes a gente se flagra pensando, faz um esforço danado pra virar pro lado e fingir que não aconteceu. A gente ria! O que mais ia fazer? Balançar a cabeça seriamente e concordar? Endossar aquela chuva de verdades? De modo algum. A gente ria. A gente ria sempre, gargalhava.
E era duplamente bom. A gente condenava como inconcebíveis todas as nossas verdades secretas, e de quebra voltava pra casa com o alívio de ter encarado o assunto de frente. Fuga, é verdade, mas só depois de olhar o bandido nos olhos.
Era um grande de um filho da puta. Mas todo mundo gostava dele.
Ele era um grande de um filho da puta. Mas é fato: a gente ria com ele. Ele falava com desdém, quase cuspindo pro lado, todas essas coisas que se às vezes a gente se flagra pensando, faz um esforço danado pra virar pro lado e fingir que não aconteceu. A gente ria! O que mais ia fazer? Balançar a cabeça seriamente e concordar? Endossar aquela chuva de verdades? De modo algum. A gente ria. A gente ria sempre, gargalhava.
E era duplamente bom. A gente condenava como inconcebíveis todas as nossas verdades secretas, e de quebra voltava pra casa com o alívio de ter encarado o assunto de frente. Fuga, é verdade, mas só depois de olhar o bandido nos olhos.
Era um grande de um filho da puta. Mas todo mundo gostava dele.
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Boa noite
Olho no fundo dos seus olhos, reparo no contorno das pálpebras. E mesmo em detalhes assim tão longínquios, lá de longe, de algum outro lugar no seu rosto, vem a luz do seu sorriso. Muito piegas dizer assim? Mas é assim que sinto. Seu olhar contém seu sorriso. Fala dos meus olhos. Diz que tenho olhos bonitos. E penso, sempre penso: de que adiantam olhos bonitos? Olhos bonitos não fazem rostos bonitos de olhar. Não fazem pessoas bonitas de olhar. Seus olhos não vieram com as cores da moda. Mas seu sorriso é perfeito e seu olhar é irresistível. Acaricio sua testa. Respira serena, paz. Queria que o universo inteiro sentisse sua paz. Meu universo sente. De repente você é meu universo todo e o mundo fica correto. Tanta coisa que não entendo, e de repente não me preocupo em saber mais nada. Estou feliz e basta. Obrigado.
domingo, 15 de setembro de 2013
Dos direitos
De que adiantaria eu registrar a autoria de algo, se eu não sei, para início de conversa, quem detém minha autoria? Seria me apoderar dos direitos de um outro que eu nem sei quem é. Injustiça e covardia ao mesmo tempo, inafiançável.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Dois anos
Dois anos... daqui a dois anos este post estará indo para o ar.
Isso se o mundo não acabar.
Isso se o servidor ainda existir.
Isso se eu não o deletá-lo por qualquer dessas tantas bobeiras passageiras.
O que terá acontecido nesse meio tempo?
Como era a vida nesse dois anos atrás que ainda não existe?
Medos e sorrisos juntos no mesmo pacote. O saquê não embebeda o suficiente, e podia ser eu caído na calçada; me largaria lá.
E os sintomas de saudade? E a liberdade? E o colo?
A única, a única certeza...
É que o tempo vai e o vento vem e nada além . . .
Isso se o mundo não acabar.
Isso se o servidor ainda existir.
Isso se eu não o deletá-lo por qualquer dessas tantas bobeiras passageiras.
O que terá acontecido nesse meio tempo?
Como era a vida nesse dois anos atrás que ainda não existe?
Medos e sorrisos juntos no mesmo pacote. O saquê não embebeda o suficiente, e podia ser eu caído na calçada; me largaria lá.
E os sintomas de saudade? E a liberdade? E o colo?
A única, a única certeza...
É que o tempo vai e o vento vem e nada além . . .
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Capítulos
Sou o nome de alguém que não existe e que ainda assim é tímido demais para publicar os próprios textos. Assim, além da capa pseudonômica escondendo o rosto e as canelas faço também de outras artimanhas: jogo os textos no quintal até outras eras.
E há pouco estava procurando coisas para colocar no blog. Coisas escrita dois anos atrás. Três anos atrás. Nem sei. Isso dribla a timidez. Depois de tanto tempo sou outro. Sendo outro, os textos não são meus, não completamente.
Mas algumas coisas, quando escrevi, pareciam abismos incontornáveis. A tristeza de um abandono, um momento difícil que eu precisava exteriorizar de qualquer jeito em uma tentativa louca de amansar as dores. E agora aconteceu uma coisa inacreditável: li um texto meu, um momento em que fui abandonado, uma expectativa cheia de pulsações que não foi correspondida. E, ao ler o texto... não pude me lembrar do que se tratava! A leitura não teve rosto. Não teve cheiro, não teve momento, não trouxe nome.
Diante desses esquecimentos algumas pessoas reclamam os efeitos nocivos do tempo. Choram a memória fraca. Outros julgam que a memória que se foi levou também uma oportunidade de aprendizado. O que aquela breve relação poderia ter me trazido de maturidade a mais foi pro ralo junto com os detalhes das lembranças...
Acho diferente. Acho que esse esquecimento é, justamente pelo esquecimento em si, o melhor que essa história tem a oferecer em termos de amadurecimento. A descoberta de que as coisas mais importantes e agudas que vivemos são ofuscadas pelo gigantismo do tempo até desaparecerem. A certeza de que não importa o quão grande seja o que quer que eu viva hoje, para o bem ou para o mal, o futuro é muito maior. E que venha o futuro.
E há pouco estava procurando coisas para colocar no blog. Coisas escrita dois anos atrás. Três anos atrás. Nem sei. Isso dribla a timidez. Depois de tanto tempo sou outro. Sendo outro, os textos não são meus, não completamente.
Mas algumas coisas, quando escrevi, pareciam abismos incontornáveis. A tristeza de um abandono, um momento difícil que eu precisava exteriorizar de qualquer jeito em uma tentativa louca de amansar as dores. E agora aconteceu uma coisa inacreditável: li um texto meu, um momento em que fui abandonado, uma expectativa cheia de pulsações que não foi correspondida. E, ao ler o texto... não pude me lembrar do que se tratava! A leitura não teve rosto. Não teve cheiro, não teve momento, não trouxe nome.
Diante desses esquecimentos algumas pessoas reclamam os efeitos nocivos do tempo. Choram a memória fraca. Outros julgam que a memória que se foi levou também uma oportunidade de aprendizado. O que aquela breve relação poderia ter me trazido de maturidade a mais foi pro ralo junto com os detalhes das lembranças...
Acho diferente. Acho que esse esquecimento é, justamente pelo esquecimento em si, o melhor que essa história tem a oferecer em termos de amadurecimento. A descoberta de que as coisas mais importantes e agudas que vivemos são ofuscadas pelo gigantismo do tempo até desaparecerem. A certeza de que não importa o quão grande seja o que quer que eu viva hoje, para o bem ou para o mal, o futuro é muito maior. E que venha o futuro.
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quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Tinha que ser assim
É, vai embora, some! Não precisa voltar, não precisa aparecer, não precisa ligar. Não, eu não tenho explicações pra isso. Não, eu não quis que terminasse assim. Eu acreditei. Eu dei meus votos de futuro bom pra essa coisa toda. Eu quis você. O que foi que aconteceu afinal? Você é quem deveria me dar respostas. Você é menor que seus desejos de mim, e sua pequenês me enoja. Não é o que eu imaginava em você. Não a culpo, mas me decepciono. Eu ia te ver. Eu tomei banho. Eu penteei meu cabelo. Eu escolhi a roupa e gastei o restinho do melhor perfume. E você avisou que não iria. Então não vá nunca mais.
Não vá mais, pois pra mim não é algo pequeno... Era o que eu queria de você, era o que eu queria de você mais que seus beijos, seu corpo, seus abraços apertados ou seu olhar desesperado. Eu queria de você sua companhia. Eu queria você dentro da minha solidão. Você não quis ir. E agora só quero que se vá.
Não vá mais, pois pra mim não é algo pequeno... Era o que eu queria de você, era o que eu queria de você mais que seus beijos, seu corpo, seus abraços apertados ou seu olhar desesperado. Eu queria de você sua companhia. Eu queria você dentro da minha solidão. Você não quis ir. E agora só quero que se vá.
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terça-feira, 10 de setembro de 2013
Himalaia
Fiz de todos os esforços para entrar no seu mundo.
Entender suas alegrias. Não gosto de tomar cerveja.
Saíamos para tomar cervejas diferentes e aprendi a história de alguns rótulos. Não gosto de filmes de hollywood.
Íamos toda semana ao cinema e vimos os filmes que você queria ver e não víamos os filmes que você não queria ver.
Gosto de ler. Gosto de sair. Gosto de viajar.
E ficava com você na sua casa no sofá, cortinas fechadas, longe do Sol, assistindo televisão.
Tudo o que não gosto na tentativa de entrar no mundo de alguém que gosto: você.
Pois é, nem sei explicar o porquê de gostar de você, mas sei que fiz de tudo para valorizar suas alegrias. E agora sinto que não é recíproco. E mais uma vez você menospreza minhas alegrias. Tudo em mim que é bom diz respeito ao seu mundo, às atenções que lhe tenho, e todas as coisas do meu mundo são coisas que não prestam, distrações irresponsáveis e sem sentido. E além disso, ... , ... ah, esquece =/
Entender suas alegrias. Não gosto de tomar cerveja.
Saíamos para tomar cervejas diferentes e aprendi a história de alguns rótulos. Não gosto de filmes de hollywood.
Íamos toda semana ao cinema e vimos os filmes que você queria ver e não víamos os filmes que você não queria ver.
Gosto de ler. Gosto de sair. Gosto de viajar.
E ficava com você na sua casa no sofá, cortinas fechadas, longe do Sol, assistindo televisão.
Tudo o que não gosto na tentativa de entrar no mundo de alguém que gosto: você.
Pois é, nem sei explicar o porquê de gostar de você, mas sei que fiz de tudo para valorizar suas alegrias. E agora sinto que não é recíproco. E mais uma vez você menospreza minhas alegrias. Tudo em mim que é bom diz respeito ao seu mundo, às atenções que lhe tenho, e todas as coisas do meu mundo são coisas que não prestam, distrações irresponsáveis e sem sentido. E além disso, ... , ... ah, esquece =/
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segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Quando o amor acaba
Ela ama livros.
Ela é independente, mora sozinha.
Ela é feminista sem ser chata.
Ela adora animais.
Tem um cachorro gigante.
Ela pilota motos.
Escuta rock e MPB com sorrisos e gingas.
Ela tem amizade com muitos,
Intelectuais ou marginais,
Boêmios ou abstêmios.
Mas ela gosta do que o Diogo Mainardi escreve,
E ela achou chata todas as crônicas do Antônio Prata que leu.
Adeus.
Ela é independente, mora sozinha.
Ela é feminista sem ser chata.
Ela adora animais.
Tem um cachorro gigante.
Ela pilota motos.
Escuta rock e MPB com sorrisos e gingas.
Ela tem amizade com muitos,
Intelectuais ou marginais,
Boêmios ou abstêmios.
Mas ela gosta do que o Diogo Mainardi escreve,
E ela achou chata todas as crônicas do Antônio Prata que leu.
Adeus.
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quinta-feira, 5 de setembro de 2013
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