Sou o nome de alguém que não existe e que ainda assim é tímido demais para publicar os próprios textos. Assim, além da capa pseudonômica escondendo o rosto e as canelas faço também de outras artimanhas: jogo os textos no quintal até outras eras.
E há pouco estava procurando coisas para colocar no blog. Coisas escrita dois anos atrás. Três anos atrás. Nem sei. Isso dribla a timidez. Depois de tanto tempo sou outro. Sendo outro, os textos não são meus, não completamente.
Mas algumas coisas, quando escrevi, pareciam abismos incontornáveis. A tristeza de um abandono, um momento difícil que eu precisava exteriorizar de qualquer jeito em uma tentativa louca de amansar as dores. E agora aconteceu uma coisa inacreditável: li um texto meu, um momento em que fui abandonado, uma expectativa cheia de pulsações que não foi correspondida. E, ao ler o texto... não pude me lembrar do que se tratava! A leitura não teve rosto. Não teve cheiro, não teve momento, não trouxe nome.
Diante desses esquecimentos algumas pessoas reclamam os efeitos nocivos do tempo. Choram a memória fraca. Outros julgam que a memória que se foi levou também uma oportunidade de aprendizado. O que aquela breve relação poderia ter me trazido de maturidade a mais foi pro ralo junto com os detalhes das lembranças...
Acho diferente. Acho que esse esquecimento é, justamente pelo esquecimento em si, o melhor que essa história tem a oferecer em termos de amadurecimento. A descoberta de que as coisas mais importantes e agudas que vivemos são ofuscadas pelo gigantismo do tempo até desaparecerem. A certeza de que não importa o quão grande seja o que quer que eu viva hoje, para o bem ou para o mal, o futuro é muito maior. E que venha o futuro.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
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