Ele era um grande de um filho da puta que sabia desde sempre que aquilo era pra lugar nenhum. E claro que não contou pra ela. Sabia que ela acreditava ter achado um grande amor, e sabia que seria incapaz de corresponder. E não contou pra ela. Um grande de um filho da puta. Desses que às vezes dava calote até no bar em que passava todas as tardes bebendo com os amigos. Falando mal dos outros. Contabilizando mulheres. Aumentando e inventando vantagens.
Ele era um grande de um filho da puta. Mas é fato: a gente ria com ele. Ele falava com desdém, quase cuspindo pro lado, todas essas coisas que se às vezes a gente se flagra pensando, faz um esforço danado pra virar pro lado e fingir que não aconteceu. A gente ria! O que mais ia fazer? Balançar a cabeça seriamente e concordar? Endossar aquela chuva de verdades? De modo algum. A gente ria. A gente ria sempre, gargalhava.
E era duplamente bom. A gente condenava como inconcebíveis todas as nossas verdades secretas, e de quebra voltava pra casa com o alívio de ter encarado o assunto de frente. Fuga, é verdade, mas só depois de olhar o bandido nos olhos.
Era um grande de um filho da puta. Mas todo mundo gostava dele.
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