domingo, 22 de setembro de 2013

Três da tarde

Se eu estou criando, estou feliz. Que importa a criação em si, afinal? Sua qualidade, seu acabamento? Deus, o criador supremo, que nós mesmos veneramos e tudo o mais, num momento de inspiração não se deu ao trabalho de fazer nada melhor do que este mundo que está aí fora. Que qualquer um poderia imaginar melhor sem a mínima dificuldade. Que tanto trabalho dá a teólogos e filósofos para a elaboração de pesadas justificativas para os problemas existentes dentro dos moldes de alguma lógica maior. Que tão ridículo torna o otimismo incontorcível de Pangloss. Estou criando, e estou feliz. Ficar sentado à beira da cama, olhando a sombra dos móveis mudar de lugar... Isso não legal. Mudar o mundo, isso não é pra mim. Não de forma desesperada. Mudo o mundo sendo o que sou e deixando que as conseqüências reverberem. Não quero mudar o mundo dos outros, quero meu mundo aos meus moldes. Quem se inspirar, que faça um bom proveito do que vê.

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