Vimos um atropelamento na avenida principal. Um jovem assaltante, perseguido por uma viatura policial, fugia em sua bicicleta. Ao cruzar a avenida desesperadamente na frente de outro veículo foi por este atingido e lançado talvez uns dois metros em direção ao céu. Estávamos no carro à frente. Eu o vi despencando de volta no asfalto duro. Pensei que estivesse seriamente ferido mas ele se levantou e, depois de tontear poucos segundos, pô-se de volta em fuga. O policial seguiu atrás, correndo. Notei que não havia nem mesmo sacado sua arma.
Dentro do carro meus colegas dividiam-se entre o júbilo de terem visto um atropelamento e a frustração de que o bandido continuava vivo. "Deviam ter metido pipoco logo, pá pá pá! Ficava já ali, no chão, um a menos." Vibravam como quem assistiu a um filme emocionante e comentava suas cenas à saída do cinema.
Não estão prontos para enfrentar o mundo real. As contradições e as nuances da vida que não é uma simples divisão de mocinho e bandido como no cinema.
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