quarta-feira, 11 de abril de 2018

Cabeça aberta

Estávamos em uma lanchonete, com as mesinhas na calçada. Um cachorro se aproximou com um ferimento horrível na face. Parte de seu coro cabeludo havia sido arrancado. Um acidente de carro ou algum episódio de violência espúpida. Surpreendentemente o cãozinho parecia alheio ao ferimento. Vagava apenas sem grande estardalhaço, lentamente, pela calçada, e com enorme receio foi aproximando-se das mesas. A reação das pessoas era de nojo, de repulsa. Mas eis que meu amigo Rogério ficou tomado de compaixão. Chamou o cãozinho para perto. Rasgou, com a mão, metade de seu hamburguer e fez o cachorro segui-lo até um canto seguro. Eu, normalmente, sinto um incômodo enorme pelas opiniões preconceituosas e egoístas do Rogério. Mas como não reconhecer o ser humano ali dentro?

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