quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A vida sobre rodas se foi. Se foi a sessenta por hora, e não precisava mais que isso. Uma discussão. Um coração partido. Um ego ferido. Uma alma insegura. Uma vida sofrida. Um futuro derretido. Os trilhos. O trem vindo. Se jogou. E por meia hora o sistema todo parou! E as pessoas se somaram aos montes pela estação e também pelas estações vizinhas. E todos preocupados com o horário de chegar em casa. De ligar a televisão. De tomar banho antes do sono. De desligar o cansaço horrível da sexta-feira. Os trilhos, o trem vindo, se jogou.

Naquele dia uma vida se foi mas confesso que eu, vivo, encontrei no caos boas atrações. Nessas situações as pessoas dão-se mais às conversas, e assim foi que fiz novos amigos no meio de todo o susto que era a estação Sé. Um contador, um ex-repórter. Conversamos sobre o acidente, sobre metrô, mas também sobre nossos empregos, o mercado para cada uma de nossas profissões, a importância de cursos extras, os cuidados que temos que ter para não sermos explorados no mercado de trabalho, e assim vai. A vida, toda incontida, continua.

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