quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Um

Ela dorme com o rosto pousado em meu abraço, sobre meu peito. Ela sonha com essa união e eu me pergunto o que diabos estou fazendo ali! Não, a vida a dois não é pra mim. Os fins de semana ficam previsíveis. As saudades não têm um cantinho de solidão para acontecer. Os devaneios não se justificam, pois a vida a dois é mais burocrática, você precisa de justificativas. Vou viajar neste fim de semana. Pra onde? Não sei! Como assim? Não sei, vou viajar, quero pegar algum ônibus na rodoviária e me distrair um pouco. Por quê? Como assim por quê? Não sei! Quero fazer isso. Não entendo os motivos. Deve ter alguma relação com neurônios e sódio, mas não esmiucei a tal ponto. Apenas conheço o resultado final, minha vontade de fazer isso. E se no meio do caminho mudar de idéia? Vi uma lanchonete muito muito aconchegante e resolvi entrar lá com o meu livrinho, e passar a tarde toda lendo. Ué, mas você não tinha dito que iria viajar? Tinha, mas mudei de idéia ué, vi esse cantinho e gostei, entrei aqui e fiquei. E então eu sei que eu não fui feito para a vida a dois. Não me justifico nem a mim mesmo.

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