sábado, 15 de fevereiro de 2020

Tic

O quão lícita é a solidão? Ela me ligou agora.

Está indo a um bar aqui do lado, com amigos, amigas da faculdade, do laboratório em que ela trabalha.

Eu só quero ficar aqui sozinho. Sozinho escrevendo. E eu poderia estar achando um outro tema para escrever, algo mais interessante, mais reflexivo e menos pessoal, se não fosse ela me estressar com essas ligações e mensagens me convidando.

Eu não quero ir! É tão errado assim?

Eu quero um tempo para mim. Não gosto dessas incumbências de namorado.

Não gosto mesmo. Quero ficar sozinho aqui. Estou lendo uns quatro ou cinco livros no momento. E mal virei a página de três deles hoje. Estou estudando música. Ou deveria estar. Quero a tranquilidade de me dedicar a essas coisas.

Poderia organizar melhor meu dia. Mas como fazer para conseguir isso, se eu trabalho das sete e meia da manhã até as seis da tarde, chego em casa às sete da noite. Aí gasto um tempinho para jantar, lavar a louça, tomar um banho... E fazendo tudo isso sem pressa, mas sem perder tempo, só estou livre às oito da noite.

Oito da noite.

A hora em que meu dia começa.

Mas aí então lá pela meia noite, mais tardar, preciso estar dormindo de novo. Porque no dia seguinte tenho que acordar cedo para trabalhar. Então essas coisas todas que quero fazer, essas coisas todas que espero conseguir colocar no meu dia, ficam todas apertadas nessas poucas horas...

E aí o dia já acabou.

Nenhum comentário: