sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cara ou coroa


Engenheiro. Engenheiro formado em faculdade boa. E trabalhar em uma grande empresa, ter um ótimo salário. Uma casa grande, um carro. Mais de um carro. E viajar sempre. Viajar a trabalho e viajar nas férias. Trabalhar na Petrobrás e... na Petrobrás? Mas e o aquecimento global? A poluição do mundo e tantas e tantas guerras alicerçadas no fundamentalismo do petróleo? Acho que vou deixar essa vida de engenheiro pra lá... Vou ser um ativista do Greenpace. Ou vou deixar tudo isso de lado e viver uns anos mochilando por aí. Pela América do Sul. Pela Europa. Pela África. Ou vou construir uma casinha no meu terreno em Araçoiaba da Serra e viver uma vida pacata, alheio a auto-fagocitose humana. Participando dela. Em paz.

Quero comprar um clarinete e aprender a tocá-lo muito bem. Ler partitura como quem lê palavras de cartilha. Quero ser piloto. E voar vários tipos diferentes de aviões. E ganhar alguns prêmios de acrobacias. Quebrar récordes. Ter histórias. Quero pescar com amigos à toa. No mar. No pantanal. Quero não ser ninguém e ter histórias de quem anda pelo mundo despercebido, com acesso aos mais díspareces seres e cenas. Quero brincar de kart. E ganhar um grande prêmio de fórmula um. Quero galinhar pelo mundo conquistando mais gostosas que qualquer amigo rico e com mais classe que Vinícios de Moraes. Quero ter uma única mulher pra vida toda. Filhos e uma história. Paz de espírito. Quero escrever o manifesto da frugalidade, mas exijo que seja na escrivaninha de Fausto, e com uma das canetas dele.

Quero o yin e o yang. Mas não na dose certa não... Quero pelo menos três doses. Com limão, açúcar e um pingo de mel. Pra virar de uma vez, ficar tonto, perder a vergonha e sair dançando pelo salão. Gafieira, salsa, zouk, soltinho... E conquistar todas as atenções do salão. E fazer um filme dançante.

Só sei querer tudo. Tudo. Do bife como a gordura. O osso. A pele. O casco. O pasto. A fazenda. O hemisfério. O periélio.

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