sábado, 20 de junho de 2009

O preferido

Essa coisa da vida vir cheia de idéias me cansa. A vida me diz o que fazer, o tempo todo, e não me pergunta nada. E é rabugenta pra caralho também, cheia de dedos com qualquer sugestão de mudança e resmungona sempre que invento qualquer idéia que seja.

Eu não existo. Eu viabilizo a existência extensa dos outros, de alguma forma. Sou desejos alheios, atividades alheias, sonos alheios. Sou civilizado no mundo de civilizadores alheios. Eu não inventei as palavras que uso. Eu não cuido da minha vida. Os amores que quis me fugiram entre os dedos. As ciências que encantaram minha curiosidade não sabem que eu existo. As que conhecem o meu trabalho não acessam o meu encanto. O mundo me é alheio.

Esse texto parece todo desgostoso com a vida, e pode ser só uma documentação dela. Essa é só mais uma das razões pelas quais gosto tanto do Elogio de Erasmo.

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