domingo, 28 de junho de 2009

E finalmente

Ele queria.

Ele não podia.

Ninguém saberia.

Ele não suportaria.

Ele queria.

Ele não podia.

Ela queria.

Ela não sabia.

Ele não suportaria.

Ela não entendia.

Quantos talvez nuns poucos acasos. Tantos afagos nuns muitos desafetos. Quantos afetados nestes desconexos. Quantas conexões nesses tantos corações.

A loja ia abrir. Os ônibus iriam andar. O dia seria como todos os outros.

Ele tinha desejos sujos. Ele tinha vontades lambusadas. Ela estava ali. Fácil. Ele via tudo. Cheirava o cheiro quente e salgado de cada possibilidade próxima.

Ele queria.

Ele não podia.

Ninguém saberia.

Ele hesitava.

Ele não sabia.

Ela queria.

Ela não sabia.

Ela não entendia.

Que maravilha, que maravilha de desencontro... os dois últimos botes do mundo que sobreviveram ao holocausto, passando um ao lado do outro, no meio do oceano. No meio do nevoeiro. Não se viram. Nunca mais se cruzaram. Que maravilha de desencontro! Tão ousado! Tão desalentador. Tão encantador em seus detalhes incontornáveis. Tão concreto em sua materialidade aguada. Motim de acasos.

2 comentários:

carlus disse...

legal aqui

Claudia Sciré disse...

e qtas vezes isso realmente acontece!