sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Weber e os chatos

Sempre achei Weber um chato. Talvez porque Política como Vocação, numa tradução qualquer para o português, tenha sido a primeira coisa que fui obrigado a ler no curso de Ciências Sociais. Eu tinha acabado de sair do cursinho. Estava totalmente por fora de política, de geopolítica, discursos políticos ou acadêmicos não faziam parte da minha realidade. Para mim, enunciados com mais de cinco linhas eram longos e uma redação completa era forçosamente limitada a trinta linhas. Não cabe muita formalidade aí. E de repente as páginas e páginas de Weber.

Tentei me convencer por muito tempo da validade do seu trabalho, mas em mil aspectos fico com o pé atras. Tudo bem que ele tinha idéias válidas de serem expostas para discussão, e etc, mas não vou conseguir deixar de achá-lo um péssimo escritor. Qual o problema em tentar ser sucinto e agradável? Ainda mais se estamos discutindo os problemas do mundo, da sociedade, que são tão complexos, então obviamente há muito o que discutir, e o que quer que tenhamos dito, maior ainda será a réplica, especialmente se tivermos tido alguma idéia relevante. Neste caso, alongar demais já a primeira exposição só colabora para deixar o processo todo mais lento. O mundo talvez tenha uma certa urgência com relação ao caminhar intelectual da humanidade. Especialmente numa era de armas nucleares e manipulação genética. Há tempo a perder com prolixidade?

Tudo bem, no tempo de Weber essas coisas ainda não existiam. Perdoemos Weber: seus leitores viviam num mundo muito mais chato em que, por contraste, provavelmente seus textos eram muito atrativos.

Mas hoje temos que considerar não só o problema de tempo, mas também o prejuízo todo do desinteresse provocado pela chatice. Ser legal e sucinto tem seus méritos. E ser legal não implica em ser superficial ou não-original ou não-relevante.

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