terça-feira, 3 de junho de 2008

Ketrina

Ele estava lá na estação de trem, esperando sua amiga aparecer.

Uma pequena criança, não mais que cinco anos, brincava de contar passos no chão, entre os quadros de exposição artística espalhados pelo saguão.

- Um, dois, três, quarenta, vinte e dois, mil e um, cinquenta!

Ele falou com ela.

- Não, ó! Tenta assim, com um pé bem juntinho do outro, pra gente ver quantos passos dá até ali.

Contaram passos pelo saguão inteiro. A mãe ali ao canto, esperando alguém e olhando tudo, suspeita. Com um olhar, ele explicou que só estava brincando.

Contaram passos de vários jeitos. Um pé depois do outro. Passos gigantes. Passos pulados. Passos com pés tortos.

Mapearam toda a estação. A amiga dele chegou, iria ambora.

A menina lhe deu um abraço de tchau e um beijo. Sorriu e foi embora, e continuou brincando.

Crianças são assim...

4 comentários:

Luiz Salles disse...

realmente, crianças são alheias...

rsrsrs

mas é isso que as mantém sãs, sós, nesse mundo retardado.

Juliana Lourenço disse...

Exatamente assim! rsrsrsrsrs

B-Jú!

www.jlouthings.blogspot.com

Anônimo disse...

E a arte copia a realidade...
Registros assim são muito interessantes.
A Literatura nasce de tudo!

Flávia Ferraz disse...

Brinco sempre com a minha filha de andar pela rua sem pisar nas linhas, fazemos isso mesmo quando estamos chateadas uma com a outra (as pessoas olham diferente praquela mulher e aquela menina andando de maneira tão bizarra...). Mesmo se estamos chateadas uma com a outra a brincadeira nos une de maneira tão...boa. Pra criança a brincadeira é uma maneira de viver, de se relacionar com o mundo. E pra nós adultos muitas vezes a brincadeira distrai a dor de viver, não?
Mas no final parece que o texto quer enfatizar o como foi natural brincar e se despedir naturalmente e continuar brincando na mesma sintonia obtida...