quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Decidida

Unhas caprichadas. Óculos de armação colorida, porém discreta, combinando com o restante das roupas. Feminina. E feminista. Até não poder mais. Mas com princípios, com a cabeça funcionando. Nada de querer queimar todos os homens na fogueira e querer que as mulheres assumam o comando de tudo como se tratasse de uma guerra definitiva. Abdicou do conforto do dinheiro paterno e foi viver sozinha. A renda mensal é pequena, mas alimenta o aluguel, as comidas, os livros, os cachorros e a gasolina. Os amigos que a vida não lhe trouxe, foi buscar por conta própria. Passa os dias da semana em um escritório driblando ordens mal dadas e desafios mal dimensionados. Chega a seus resultados como um náufrago que faz milagre para chegar à última ilha possível. Triunfa. Sua cabeça só tem futuros: cursos, viagens, livros por ler, risadas novas, encontros com os amigos, encontros de motoqueiros, shows de rock, fotos e poesias. Não há lugar para passados, rancores e solidões. Acredita na humanidade embora a humanidade a trate como uma aberração errada. Por que não ir logo para um emprego em que se ganha mais? Por que não casar logo e cuidar da casa sob o salário amordaçante do marido? Por que não ter filhos? Por que não parar de ler esses livros? Por que não aquietar esse feminismo que não muda o mundo e irrita os amigos? Ela sabe o que quer. Ela sabe quem ela é.

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