sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Seu Miro

Passo após passo, desço a rua para o trabalho. Já me sinto gordo, lanche cheio de queijo derretido e café com leite explodindo de açúcar num copo gigante: freqüento padarias do bairro.

Passo pelo portão da empresa, crachá magnético na catraca. O sistema eletrônico me dá as boas vindas.

As ruas internas são de paralelepípedo. Dessas que, se deixar, nascem grama no meio. Dessas que lembram passear por cidades litorâneas quando se era criança e os asfaltos ainda não tinham descido a serra do mar.

Lá está ele. Um senhor magro, fininho. Macacão azul, mãos enrugadas. Vassoura limpando o chão, recolhendo as folhas que teimam em cair sempre das árvores. Vez ou outra, alguma pequena foice a lapidar as gramas que crescem aqui e ali. Seu Miro. Vou me aproximando e o cumprimento.

- Bom dia Seu Miro, tudo bem?

- Opa! Só alegria? Tudo na paz! Tudo na paz...

Sorri um sorriso largo. Mal cabe em seu pequeno rosto. Olhar sorridente de quem sente tudo perfeito.

Sigo em frente com a sensação de que Seu Miro não nasceu nunca e nunca vai morrer. E aí paro pra pensar e nem mesmo a eternidade toda me justifica tamanha serenidade e paz de espírito. Só alegria!

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