segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Medo

Um corredor longo, estreito, úmido, escuro. Longo, muito longo. Muito sufoco e apreensão em todas as direções. Corrida. Agitação. Ansiedade pisando a passos rápidos em poças de água, o barulho ecoando até desaparecer. Ratos.

Ilusão, a saída é ilusão. O corredor não tem fim. A pretensão de se estar desfilando num grande evento de moda. Essa é a saída. Mentira. Mentira que há saída. Mentira há que saída. Saída há que mentira. Há mentira que saída.

Ninguém entende o porque de descer a um lugar assim. Ninguém sabe qual o motor dessa curiosidade suicida.

Um atrativo caminho com uma placa onde se lê: não ultrapasse. E por onde todos vão. Muitos voltam correndo. Outros são expelidos pelos perigos imediatos. Os mais zelosos por suas curiosidades desvendam falhas na frieza do mundo e se aproximam ainda mais.

Socorro. Um pedido de socorro. Ecoando tempo atrás tempo ao passado até os dias em que era puro caminhar, em que era lícito explorar o direito de observar pra dentro.

Socorro. Um suspiro de cansaço. Saudades de poder olhar olhares sem queimar em culpa.

Silêncio. Trinta segundos. Trinta dias. Três anos. Faz tempo.

Ainda não se chegou à metade do corredor sem fim.

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