Tirei da escrivaninha toda a bagunça que estava lá. Deixei só uma folha sulfite, colocada meio inclinada, a luminária acesa no canto da direita, junto à parede, e minha caneta de estimação. Sentei-me sobre a cadeira mais confortável, e deixei os pensamentos virarem tinta até secarem.
Olhei o formato daquilo e eram bem pensamentos meus mesmo. Toscos quando olhando meio de longe. Tortos, mal agrupados. De perto, nunca se repetiam. Minha caligrafia não permite isso. Uso folha sulfite porque meus pensamentos ofenderiam as linhas tradicionais: não caem jamais onde deveriam.
Mas a quem olhar mais de perto, há uma linha líquida correndo rápido desde há muitos anos ganhando volume e fazendo esse esforço descomunal, sem perder energia, para levar tudo consigo correnteza adiante.
Seguro a caneta sempre na posição certa, para que a pena, ao se apoiar sobre o papel, abra um pouco o sulco que tem na ponta de modo a deixar correr a tinta.
Até que faz sentido.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
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