segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
E no fim, são todos humanos
domingo, 20 de janeiro de 2008
Mente perturbada
O pai ligou. Saudades? Não... O pai dava conselhos em sua vida, mas e daí? Sentia é raiva, raiva mesmo. Que sabe ele, afinal, para sair assim aconselhando a esmo conselhos genéricos, desprovidos de qualquer detalhe? Nunca quis tanto ficar sozinho, e ainda assim a solidão é sempre temível. Nossos sonhos e nossa auto-consciência criam terremotos cataclísmicos quando se descobrem em discordância.
E as saudades e as carências, como organizá-las? As bagunças dos livros e revistar jogados, CD's guardados em caixinhas erradas, essas eram mais compreensíveis, muito mais digeríveis: ele sabia como contorná-las, e deixar tudo assim era apenas uma questão de escolha, de perguiça. Mas quanto à bagunça de sentimentos era o oposto. Havia o desespero de pôr tudo no lugar, e não se tinha a menor idéia de como fazê-lo. Ele lembrou daquele cabelo deslizando na ponta de seus dedos enquanto via aquele olhar adormecer. Lembrou do cheiro dela. Da voz dela. Mas os fatos se atropelaram de tal maneira...
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Alternativas
Fecho! Hum.... pensando bem... melhor não... acho que vou deixar aberta mesmo! Se chover, vou plantar soja no meu quarto, que tal? Talvez, se todo mundo deixasse todas as janelas abertas durante as chuvas, as casas se encharcariam um pouco mas teria menos água para as enchentes. Se chover, vou deixar a janela aberta e salvar a cidade. Plantar soja e, se alagar muito, criar carpas.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Desabafo
Eu sinto saudades, porra! Sinto raiva de tudo o que aconteceu, e tenho meu orgulho que não me permite falar isso na sua cara... Não sei se é orgulho ou se é excesso de bom senso... Afinal eu sei que a gente não pode ficar junto, não muito junto. Não um casal desses com promessas... Não confio que seja possível saber o que se vai sentir amanhã, e não posso me deixar acreditar em qualquer promessa ou declaração sua. Você não tem idéia do quanto pode me deixar triste, não é mesmo? Não tem, não é possível... Tivesse, seria desnecessário eu falar aquelas palavrinhas que fizeram tanta falta da segunda vez... Afinal de contas, de onde acha que tiro tanta atenção, preocupação, vontade de que você esteja bem... Que outra explicação haveria para dar conta da magnitude da minha tristeza frente a uma ausência tão boba... Eu ali em frente ao seu apartamento, no horário combinado, e sua presença desmentida num telefonema de dez segundos... "hoje não vou poder, fica pra outro dia". Só. Fiquei tão mal, mas tão mal... Mas não quis contar. Claro que não! Não que eu não pudesse falar dessa tristeza em si, mas ela implica em coisas que, se você não percebe, melhor que não saiba...
Não quero que você fique perto de mim apenas pelo bem que faço às suas carências. Danem-se elas. Quero que você deixe suas carências de lado para aproveitar seu lado mais feliz, que eu sei que existe e que você sufoca perdida em tristezinhas desnecessárias. Viva mais! Vá aos lugares, olhe as coisas que quer olhar. Faz falta alguém pra tocar, abraçar, beijar e o que mais queira, mas isso não pode ser a única cola a unir duas pessoas... não em uniões não-efêmeras.
Soubesse da vontade que eu tenho de te dar uma abraço apertado... deixar meu rosto colado ao seu, falar das minhas saudades e sentir que o tempo vai passando em volta à toa... É por medo que não faço isso? Talvez... Gostaria de ser tão feliz com você. Mas ninguém tem um acesso tão escancarado às minhas tristezas quanto você. Não deveria ser assim. Eu deveria gostar menos de você. Não me importar. Seria mais fácil roubar tuas alegrias pra mim...
Que saudade de merda! Dos infernos! Que vontade desesperada de ficar um tempo junto com você, no sofá, assistindo qualquer coisa, até a preguiça soldar a gente e você descançar em paz deitada no meu ombro... te dar um beijo na testa de leve um segundo antes de você cair de vez no sono... eu tenho um ódio infernal de gostar tanto assim de você...
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Mente prostituída
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Ora, não me venha com choros!
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Até quando?!
Dupla dinâmica
It's time to work
Chandler Bing
Detalhes
- Mulher! Não quero deixar minha modéstia de lado ou elogiar demais tuas bajulações, mas juro que foi o maior elogio que já recebi!
- Rs, mas é verdade... Caraca meu, tô rindo muito aqui... Mas e aí, o que cê tá fazendo hein moço?
- Tava terminando de ler um livro do Woody Allen que comprei na volta do cinema, pra salvar o dia já que o filme foi uma porcaria.
- Olha só! Que culto! Pra casar, hein!
- Está sendo irônica ou isso é uma cantada?
- É uma cantada, ué!
- Não se deve cantar um homem que se conhece há tão pouco tempo assim usando a palavra "casar", não pega bem para uma mulher.
- Tô brincando, tô brincando claro né! Você leva tudo muito a sério!
- Nem tudo. Não tivesse você desmentido a brincadeira, o próximo passo seria eu tentar te convencer a colocar nomes estranhos em nossos filhos.
- Você quer ter filhos?
- Agora? Tenho que terminar de responder uns e-mails aqui, depois a gente vê isso...
O Woody Allen é o máximo
Os centros-móveis do universo
Eu não estou contente, isso é patente, não é? Fico em dúvida sobre o quão lícito é esse meu desânimo - realmente meu trabalho não é dos mais estimulantes ou eu apenas não gosto dele e pronto? Isso dá margem a uma tese... talvez nada realmente, por aí, faça muito sentido mesmo... Mas quando as pessoas gostam de uma coisa e continuam a trabalhar nela, cegamente, simplesmente não percebem a pequeneza de tudo em que estão envolvidas e, dessa ignorância, surge a continuidade que vai pouco a pouco erodindo imperfeições e permitindo o emergir de um trabalho completo. Nesse sentido, a ignorância individual é fundamental para o progresso do conhecimento coletivo.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
Mundo otimizado?
Biografia n. 87.323
Aos 3 anos, os pais mudaram-se para Paudalho.
Aos 5 anos, os pais voltaram para buscá-lo.
Aos 6 anos viu uma televisão e se assustou.
Aos 7 anos atropelou um boi quando soltou o freio de mão do fusca do pai.
Aos 10 anos tinha aprendido a ler, lia tudo o que encontrava.
Aos 12 anos foi sozinho para Rio Rufino, morar com uns tios. Os pais tinham morrido de doença misteriosa.
Aos 18 anos decidiu fugir pra cidade grande. Ainda esperamos notícias...
Ele tem que ouvir!
Ser extrovertido de verdade?
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Lá nas moleculazinhas
Imagine dois computadores iguaizinhos. Mesmo modelo, memória RAM, tamanho de HD, processador... Tudo igual. Até o monitor, as cores, o tipo de teclado... Tudo igualzinho. Certo. Só que em um deles você instalou o Lynux e, no outro, bem... o windows mesmo. Um deles só tem vídeos *.mpg e *.avi arquivados. O outro tá quase lotado de MP3 e programas pra editar músicas digitalizadas. Aí você desliga os computadores e fica olhando pra eles... Qual a diferença entre os dois, agora?! Até onde dá pra observar, sem ter lá muito trabalho, todas as diferenças entre eles sumiram. A não ser que, se fosse fácil fazer isso, você pudesse confirmar que a organização magnética e eletrônica no disco rígido das duas máquinas é diferente. É isso o que mudou. Assim, embora aparentemente sejam as mesmas máquinas, indistintamente, por conta destas diferenças nanoscópicas trata-se de coisas completamente diferentes, quando ativadas.
Beleza. Daí outro dia eu estava lendo o Society, Culture and Personality, do Piritim Sorokin. Aliás, é a aquisição mais baratinha da minha biblioteca... o volume de mais de 700 páginas, tamanho grande e capa dura, era usado na sala da diretora do colégio pra deixar um vasinho mais alto, perto da janela... sem peso na consciência, sumi com o livro assim que me formei, já que eu estava sumindo do colégio também... Então... Lá pelas tantas o cara vai discutindo o nível "superorgânico" da organização do mundo... Quando um cara qualquer é nomeado rei num povoado sei lá aonde, por exemplo, nenhuma mudança no mundo físico acontece (argumenta-se), porém a estrutura da sociedade, o comportamento das pessoas, altera-se em função desta nomeação...
Tá, eu também acho que fazer paralelos entre computadores e pessoas é algo nojento, talvez até seja do agrado de Steven Pinker, mas ele já é agradado demais por aí por todos os méritos de seus livros, não precisa mais dessa esmolinha... Somos muito mais complexos que computadores, a começar porque o processamento de informações na nossa cabeça não acontece segundo uma fila enorme para passagem por um único, ou uns poucos, postos de processamento. É tudo simultâneo. A divisão de trabalho é enorme. Sei lá quem é disco rígido, quem é processador... E não é só que eu não sei identificá-los, é tudo mais ou menos a mesma coisa... Depois, estamos em constante processo de auto-programação, ao passo que só agora os programas em computadores artificiais começam a aprender a se reprogramar, e ainda assim só de uma forma absurdamente superficial...
Mas isso não é razão para aceitar a colocação de Sorokin de que fatos políticos que provocam mudanças no comportamento da sociedade pertencem apenas a algum místico "superorgânico" e não envolvem mudanças no mundo físico. O fluxo de informações na sociedade diz respeito basicamente a mudanças nanoscópicas nas estruturas dos cérebros que estão por aí.
Quando um ator fica famoso, por exemplo, o que acontece que a informação a respeito da existência dele, e mais uma série de informações paralelas, torna-se difundida por várias cabeças por aí... É como uma epidemia. É a idéia dos memes... Não há como conciliar a idéia dos memes com a idéia do superorgânico como algo "não físico, não biológico". E, cá entre nós, os memes são muito mais legais.
Mais uma dentre tantas!
Eu deixo...
Ela devia ser importante, sabe... Sentou lá nas mesinhas da lanchonete e tirou um desses telefones celulares novos que parecem computador de Jornada nas Estrelas ou sei lá, com uma tela grande e um tecladinho estranho. Ou ela era importante ou riquinha, fresca e fútil. Mas, bonita daquele jeito, não ousei botar defeito não... Era importante mesmo. Eu num aguentei não. Fui lá e sentei perto dela. Tirei meu caderninho de folhas rasgadas e minha caneta Bic toda mordida do bolso, e comecei a escrever... Escrevia e fazia caras de conclusões, de interrogação... Até que ela reparou em mim e eu lá fingindo estar mergulhado naquelas pequenas páginas velhas... Quando ela tentava voltar a se concentrar no seu brinquedinho digital era hora certa pra falar alguma coisa...
- Puxa... o seu caderninho é bem mais legal que o meu, hein?!, falei em tom de caipirismo simpático
- É mesmo, mas pelo menos você nunca vai ter problema de bateria, né?
- Ah é, isso é verdade! A bateria do meu caderninho duuuura um tempão que eu nem sei! Mas ó... se você abrir algum joguinho aí só pra fazer inveja, vou ficar chateado, viu!
Pronto. Sorrisos e olhares. Éramos recém-amigos. Conversamos umas duas horas. Viagens, livros, lugares, piadas, músicas. E ela falou sobre o namorado. E ela falava olhando para meu rosto. Para meus olhos, para minha boca. E eu fazia o mesmo. E éramos pessoas cheias de princípios, éticas e corretas, exemplares. Nos anunciávamos para ter a certeza de que merecíamos um ao outro. E eu contei detalhes de meus falecidos amores eternos. E foi assim que juntamos material suficiente para termos certeza que éramos gente de bem, pessoas íntegras que querem algo sério da vida. Era a burocracia que precisávamos para justificar aos nossos inconscientes chatos e impertinentes a viabilidade de uma breve aventura...
Das razões...
Escrevo aqui porque quero falar dos outros sem pudor... Sem pudor nenhum das pessoas que não enxergam o próprio nanismo, que não percebem os temperos de hipocrisia que lhes torna a vida palatável (mas não por isso a mais saudável de todas...)
Escrevo aqui pra imaginar qualquer besteira.... pra não fazer sentido de uma linha pra outra... Escrevo aqui pra encher de lixo essa rede de pensamentos expostos... Escrevo aqui pra deixar que o mundo saiba de meus pensamentos antes de mim.... Porque se eu souber deles primeiro... e daí?! O que farei com eles?! Não me interessam quando prontos... Gosto de pensar como quem gosta de pintar mas não guarda quadros em casa.... como o músico que passa boa parte do dia em silêncio... gosto de minha mente fervendo, fervendo tanto quanto possível, e por isso mesmo não vou me dar ao trabalho de organizar esses pensamentos em algo que interesse ao resto do mundo porque isso significaria domá-los... e já estão acostumados a ser livres... Algo de útil que apareça, que seja fruto do acaso, e não de nenhum interesse dirigido. Mais legal quando as compatibilidades surgem por já estarem lá...