quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mente prostituída

Trabalhar ligado à indústria do petróleo é só prostituição mental... É um socialista marxista esquerdista revolucionário extremista arrumando emprego de caixa de banco pra pagar as contas, ou melhor ainda... aspirando a ser gerente num McDonnald's qualquer. É Sócrates vivendo na época da ditadura e arrumando um emprego de censor pra levantar uns trocados... Quer dizer... não pra todos, claro... Falo daqueles que se preocupam de coração com a questão ambiental, que ainda sem estar por dentro da profundidade dos debates científicos a ponto de conhecer os reais riscos do CO2 em nosso planeta sentem um carinho tão grande por esta rocha errante que gostariam de se dedicar ao máximo a sua preservação. É o domínio do dinheiro sobre o indivíduo, ou no final das contas é só uma fraqueza do indivíduo e pronto? Ele deveria se deixar morrer de fome caso não encontre outra atividade? Está jogando seu tempo no lixo porque em poucos anos só 20% de suas lembranças lhe trarão orgulho? Nenhuma delas sendo lembranças profissionais?

É possível pensar que "é um trabalho que precisa ser feito", afinal... Pois a sociedade precisa continuar funcionando até que outra saída para a questão energética seja desenvolvida. Parar a corrente sangüina negra do mundo moderno instauraria o caos em toda parte e impediria a continuidade das instituições que estão trabalhando para desenvolver alternativas salvadoras ao nosso paradigma existencial. Mas... e daí? Existem tantos acefálicos por aí que pegariam este trampo assim de bom grado, sem pensar, olhando só as verdinhas que vão ao bolso... Precisa ser ele? Tudo bem, dizer que é um desperdício de potencial pode lá ser pretensão demais... Mas não podemos então dizer, no mínimo, que é um baita desperdício de boa vontade? Ele vai se deprimir novamente. Vai se arrepender. Vai olhar os que estão metidos em atividades que lhe movem o coração e vai sentir inveja. Vai se sentir um ninguém e depois um pouco menos. Mas nenhuma idéia lhe ocorre. Para onde ir, agora? Com quem falar, o que fazer?

Sua auto-imagem está borrada, porque ele entregou o pincel ao mundo e deixou que ela fosse desenhada por milhares de mãos alheias e indiferentes. E em momentos de revolta ele tomava o pincel de volta em mãos, querendo retocar aqui e ali. Instaurou-se a briga entre todos os pretensos artistas e o único autor legítimo. Não importa quem vai ganhar; só sei que a essas alturas a tela está uma verdadeira porcaria.

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