terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Os centros-móveis do universo

Ninguém ali estava preocupado com a causa maior... Quase cem pessoas reunidas num grande evento e a única coisa que interessava a cada um deles era a auto-promoção. "O que vão achar do meu trabalho?", "vou agradar?", e coisas assim. Nesse curso dos fatos, uma fração signficativa dos presentes acaba adotando, na verdade, a versão fraca dessa postura... "tomara que não me odeiem", "espero que eu não cometa nenhuma gafe!". São gafanhotos porcos vivendo às custas de migalhas. Não deveria ser assim... Deveriam estar reunidos pelas discussões em torno de um objetivo comum... Não passam de crianças, moleques... Será que a ciência toda progrediu assim? Ou este é só um grupo vergonhoso que não vai a lugar nenhum... Eu particularmente fico sempre impressionado com essas coisas que não parecem funcionar da forma mais adequada possível e, no entanto, geram resultados... Porque ninguém lá conversava sobre os impactos das descobertas apresentadas... Ninguém falava abertamente sobre dúvidas que poderiam minar a qualidade de resultados mostrados - o que seria uma indelicadeza sem tamanho, porque o efeito maior seria de desmoralizar o apresentador, e não o de avançar as discussões...

Eu não estou contente, isso é patente, não é? Fico em dúvida sobre o quão lícito é esse meu desânimo - realmente meu trabalho não é dos mais estimulantes ou eu apenas não gosto dele e pronto? Isso dá margem a uma tese... talvez nada realmente, por aí, faça muito sentido mesmo... Mas quando as pessoas gostam de uma coisa e continuam a trabalhar nela, cegamente, simplesmente não percebem a pequeneza de tudo em que estão envolvidas e, dessa ignorância, surge a continuidade que vai pouco a pouco erodindo imperfeições e permitindo o emergir de um trabalho completo. Nesse sentido, a ignorância individual é fundamental para o progresso do conhecimento coletivo.

Nenhum comentário: