Estamos em 2018. Em algum lugar das florestas africanas uma menina retorna para casa com um cesto feito de palha amarrado às costas. Carrega frutas e lenha. Em sua mão, um celular fazendo uma selfie que ela colocará com orgulho em sua conta do instagram. Em algum lugar das cidades europeias, em meio a sistemas de transporte eficientes e com bibliotecas por todos os lados, e internet rápida, uma família debate sobre a ameaça que os homossexuais representam aos bons costumes. Estamos em 2018.
Nada é óbvio. A ideia de progresso da humanidade é uma ficção. Há sim conquista de novos conhecimentos e de princípios melhores. Mas ninguém tem tempo de avaliar devidamente os rumos da própria vida. Fazê-lo decentemente demanda o tempo da própria vida. É assim que, então, as pessoas seguem sendo aquilo que sabem ser. E nada mais.
Estamos em 2018. Em algum lugar uma professora fica horrorizada porque um aluno falou um palavrão em sala de aula. Em algum lugar um aluno reflete que aquele tipo de pudor é absolutamente simbólico e arbitrário. E que sua transmissão e mesmo sua rejeição está condicionada a determinados recortes da sociedade. A ideia de que certos palavrões são inaceitáveis, bem como a atitude de vê-los como simples ferramentas de comunicação que nada implicam sobre quem os utiliza, precisa se difundir pela sociedade. Essa difusão é como nanquim na água. Precisa percorrer um caminho. Precisa se diluir. Se difundir. Mesmo hoje, com toda a modernidade, as ideias não fluem facilmente. Por que?
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