sexta-feira, 10 de abril de 2015

Delícia

Sento com meus amigos para tomar uma cerveja em um bar e vejo uma lindíssima morena entrando. Uma roupa dessas que acentuam curvas, e um corpo desses feito de curvas, como uma estrada perigosa, um violão com personalidade. Penso que meus pensamentos estão se tornando ofensivos. Eu sou um machista incorrigível? Estou só olhando. Essas sensações todas são só hormônios dentro de mim. Não preciso dizer à morena que a estou imaginando nua. Acho que os hormônios fluem pelo canal auditivo. Porque, de repente, não estou mais ouvindo meus amigos. Estou apenas olhando aquela calça agarrada, contendo aquela bunda perfeita. E estou imaginando como deve ser dar uns amassos nela apalpando aquelas nádegas por cima daquele tecido macio. Para depois retirá-lo, claro. Ela não olha para mim. Mas, desconfio, caso se vire em minha direção encontrará dezenas de olhares voltados para ela. O meu é só mais um. E ela vai me ver ali, com cara de babaca, devorando-a com os olhos. Não vai saber que não sou desses filhos da puta que querem comer e nada mais. Quero comê-la, claro que quero! Mas quero fazer uma viagem boa com ela, andar por aí conversando de muitas coisas e dar boas risadas. Será que ela é boa de conversa? Ou só sabe falar de roupas, novelas e sapatos? Será que ela sabe quem foi a Marie Curie? Será que ela sabe que o Picasso nasceu na Espanha? Ou se eu falar "Picasso" ela vai rir com voz de vagabunda e me achar um rude sem vergonha?

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