domingo, 1 de outubro de 2017

Amigo desconhecido

A capa não diz muita coisa. Denuncia alguns efeitos do tempo por estar amassada em um pouco suja em alguns cantos. Abrindo o caderno as páginas mostram uma caligrafia que lembra a minha muito a minha, mas é diferente. Eu escrevia assim? Começo a ler.

Sonhos. Hesitações. Sou eu mesmo? Eu era assim?

A experiência de ler um velho diário é estranha. Sou eu ali nas páginas. Mas ao mesmo tempo é como se fosse outra pessoa. Eu leio algumas coisas e acho essa outra pessoa um tanto quanto ridícula. Por vezes infantil. Mas isso é até bom. Ruim é quando leio algo que realmente admiro, que acho até um tanto quanto genial. Será que eu consigo ser assim de novo? Será que esses momentos de inspiração se foram, diluídos pelo tempo?

A verdade é que estas questões não levam a nada. Porque aquele que escreveu estes velhos diários já se foi completamente. Assim como este que escreve agora desaparecerá em breve. Estranho pensar em lutar contra isso.

Nenhum comentário: