O que fazer?
Abrir uma empresa.
Viajar pelo país.
Pelo mundo.
Pela Europa.
Pela África.
Pela cidade.
Fazer um curso. Mandar currículos.
Tocar numa praça pública para ver quantas moedas eu ganho.
Fugir para outro país.
Escrever um livro.
Parar de pensar na vida e adotar uma existência automática. Trabalha. Dorme. Paga contas. Bebe. Reclama e morre.
Crise dos 30.
Trinta anos. 10.957 dias.
262.968 horas.
E eu sinto que, no meio disso tudo, não soube aproveitar meia hora por dia para escrever uma bela poesia. Ler um livro realmente instigante. Ligar para uma pessoa excepcionalmente especial.
Mas no fundo é uma preocupação idiota. O que é uma coerência irônica, porque essa preocupação decorre de não perceber como a existência é idiota. Não fui explodido numa guerra sem sentido e não comando uma grande empresa escravizadora de pobres asiáticos ou africanos. Já está bom. Vou viver mais tempo que esses infelizes. Depois vou morrer também. E daí? E daí que eu queria fazer algo de útil. E daí que eu queria sentir que minha vida tem sentido. E daí que eu sei que se eu ficar pensando nisso minha existência será inútil por mais trinta anos. Ou por mais sessenta, se eu tiver azar.
Crise dos trinta. Um segundo nascimento. Depois de trinta anos olhando pra fora, é hora de aprender a olhar pra dentro.
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Crise dos 30
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