quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Biblioteca pública discrimina brancos heterossexuais

Vi a notícia de que uma biblioteca pública de São Paulo estava organizando um evento em prol da diversidade racial e cultural. O problema é que, no anúncio da série de palestras, deixava-se claro o seguinte: brancos heterossexuais não vão falar aqui, mas são bem vindos para ouvir. E aí gente? Tá certo isso? Por um lado podemos argumentar o seguinte: brancos heterossexuais falam o tempo todo, em todos os lugares. Na televisão, na política, na literatura... Brancos heterossexuais têm voz na sociedade o tempo todo e em todas as esferas. Por que então não fazer um evento em que, garantidamente, eles não falassem, com o único objetivo de garantir o máximo de voz para aqueles que nunca falam? Não acho de todo errado. Mas tenho medo de que não se perceba que no fundo a igualdade é isso: igualdade absoluta, e não a reversão da exclusão. Sei que discussão similar aparece outras áreas polêmicas, como cotas raciais e feminismo. Nós, brancos heterossexuais, não estamos acostumados à posição de excluídos e não queremos nos sentar nessa cadeira incômoda nem por dez minutos. Mas os "outros" ocuparam este desconfortável lugar por milhares de anos. Até que exista um número adequado de cadeiras confortáveis, custa revezar?

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