Entendo que muitas pessoas sejam beneficiadas pelos trilhos firmes das instituições. Fazem um curso de línguas, e tempos depois lá estão, falantes, diplomatas, certificadas, treinadas e confiantes de si. Querem viver uma determinada coisa, correm atrás das instituições que as sustentam. Querem velejar, procuram os cursos de velas, as pessoas que o fazem, inscrevem-se, arranjam carteirinhas. Eu não funciono assim. Minha aberração não chega à agudeza de impedir que eu seja reconhecido como um membro aceitável dessa sociedade, mas essa assimilação desapercebida deve-se mais aos meus esforços de camuflagem que a uma natural propensão à adesão. Dormia nas aulas de inglês, e só finalmente aprendi esse peculiar idioma quando me motivei a ler coisas por aí. Aprendi muita matemática nos orgasmos de minha curiosidade e muito pouca nos tédios das aulas. Não estou a defender que esta é a postura mais correta. Longe disso. Estou apenas constatando que é a minha realidade. E tão mais longe parecem chegar as pessoas que facilmente se dão à vida institucionalizada... Esta consiste, principalmente, em aceitar de bom grado uma cisão profunda entre os impulsos emocionais mais selvagens que brotam naturalmente dentro de si e as ações das quais o corpo e a mente tomam partido. O homem institucionalizado é muito mais capaz de estudar aulas chatas, de fazer trabalhos maçantes, de deixar-se de lado momentaneamente, ainda que por muitos e muitos momentos consecutivos. Pode soar horrível, dizendo assim, mas não se deve confiar numa descrição feita justamente por aquele outsider que inveja muitas coisas de um mundo do qual não faz parte plenamente.
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Mecanismos
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