Estamos chegando ao fim de mais um trabalho aqui. Hoje é o último dia. Hora de levantar acampamento. Olho para a minha pilha de livros. Há livros não lidos lá. Olho para os CD que trouxe. Não ouvi todos.
Algum dia, em breve ou nem tanto, será o último dia do meu maior projeto de todos: a própria vida. E sei que será a mesma coisa.
Livros não lidos. Músicas por ouvir. Pessoas com quem não falei. Lugares aonde não fui.
Não sei se terei tempo de repensar tudo isso nos derradeiros minutos ou se terei uma morte rápida, repentina, dessas que nos roubam, além da vida que viria, a apreciação da vida que tivemos, ou se terei o tempo de olhar para trás.
Se tiver, será uma grande agonia, eu sei. Mas, ainda assim, não consigo imaginar o terror de não sentir essa sede.
Essa certeza de que a vida tem muito mais, mas muito mais mesmo, do que consigo abraçar, é ao mesmo tempo uma agonia e um grande motivador. Me deixa inquieto. Me faz querer acelerar ritmos e com frequência sou obrigado a, conscientemente, pisar no freio.
Queria conversar com todas as pessoas.
Queria visitar todos os lugares.
Queria ler todos os livros.
Queria aprender todas as coisas.
Queria ouvir todas as músicas.
Queria saber de todas as histórias.
Assim usei meu tempo aqui. Se não visitei a todos que poderia ter visitado, é porque passei parte do tempo aprendendo coisas. Se não aprendi tudo o que poderia ter sido aprendido, é porque passei parte do tempo ouvindo músicas. Se não ouvi todas as músicas, é por que passei parte do tempo caminhando por aí.
E agora sigo. Hora de caminhar mais longe. Hora de descobrir novas inquietações.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário