Fizemos o exame de DNA. Não, o filho não era meu. É claro que eu sabia que não era meu. Eu nunca tinha dormido com a Clara. Mas como convencer minha mulher disso? Como convencer os amigos dela? Os meus amigos? Os meus parentes? Os boatos se espalharam como fogo. Como uma gripe. Como uma peste. Agora o exame de DNA não serve para nada. Percebo que não adianta de nada. Serve apenas para a justiça. Apenas para o processo do divórcio. Por mim, ela que enfiasse a casa toda no rabo já que quer tanto assim. Não é apenas a casa que construí em toda a minha vida. Aqui, nesta cidade, eu tinha os amigos que havia construído durante a vida toda. Eu tinha meus parentes a quem busquei dar atenção e tratar bem e ajudar, durante toda a vida. Aqui eu tinha construído uma história. Uma história em torno de mim. Isso ela destruiu também. Arrancou de mim. O exame de DNA, com inutilidade patética de qualquer verdade, não conseguiu me devolver nada.
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