terça-feira, 19 de maio de 2015

Distante no tempo

O que eu escrevi está lá e não sou eu. Eu leio e vejo que não sou eu. O tempo levou de mim um ser que já não existe mais. Quais outros trará no lugar? Não controlo esse fluxo. Ninguém controla. Ilusão. Ilusão pura essa de controlar o tempo. As pessoas não sabem. Não vêem. Porque uma foto, dessas coloridas, no filme antigo ou no iPhone moderno, não é suficiente. Uma foto não grava a alma. Mas a escrita grava. Ainda que um espectro tênue. E vejo que a alma é outra. Não previu esta em que se tornou. Assim como esta não faz idéia do que será no futuro.

Um comentário:

Marina Pavelosk Migliacci disse...

Eu li você. Há anos. E hoje de novo revendo meus arquivos de e-mail.
Tava distante no tempo, com as palavras capturadas na tela, um pouco sobre você. E era simples.