segunda-feira, 18 de maio de 2015

Relativo

Tenho amizade com ela há muitos anos. Desde os tempos do ICQ. Ela veio de outro estado. Nos correspondíamos por carta, por carta escrita, veja só. Quem é que se corresponde por carta escrita hoje em dia? Ela é três anos mais nova que eu. O que significa que quando começamos a conversar ela era uma criança perto de mim. Hoje essa diferença já não importa mais. Mas ela tem uma vida muito mais ativa. Trabalha em uma agência de publicidade. Mora sozinha. Tem sempre histórias para contar. O cara da jaqueta. O cara do Tinder. O cara que parecia que era mentira, depois se mostrou machista e estúpido, mas que hoje ela entende porque adora ficar falando sacanagem com ele e ficarem juntos pelo menos uma vez por semana. E aí vamos nos encontrar para falar da vida e eu com minhas histórias. Triste porque achei chata a família da minha namorada no último almoço em família. Chateado com cobranças de atenção. Talvez as soluções para os meus problemas sejam mais simples do que eu imagino. E aí ela comenta:

-Nem sei o que falar, porque eu nem sei mais o que é essa coisa de ficar tão junto assim com alguém, a ponto de conhecer as histórias, conhecer a família, chegar a se cansar de ficar junto...

Nenhum comentário: