segunda-feira, 14 de abril de 2008

Futuro

Acabou o mundo. O holocausto. Ontem. Foi terrível. As imagens iam chegando pela televisão de cada canto do mundo e, uma a uma, sumindo. Aqui, do último acampamento antes do pico da montanha, vejo que não sou mais o homem mais alto do mundo. Sou só o único, e não sobrou ninguém para comparar.

Sentado, olhando ao longe para o céu de estranha coloração, detendo-se sob os ventos de fortes rajadas, pensou. Justiça. Injustiça? Havia um crime acontecido? Mais que explodir o mundo pelos ares, aquelas bombas implodiram tudo o que é humano ao coração de um só homem. Que finalmente entendeu o quanto tudo é volátil. Com tamanho conhecimento então, desejou nascer de novo, mas a natureza permanecia rígida e intransponível. Pensou em se matar. Mas a morte perdera por completo o sentido. Tanto faz.

Sentir sozinho é não sentir, é um sonho morto, é uma mentira, é um impossível.

Pegou um pouco de neve em suas mãos. Fria. Os dedos ganhando coloração arroxeada. Um pouco de água derretendo com o calor da mão e em seguida congelando ainda enquanto começava a escorrer, ao encontrar o vento. Dor. Sede. Um animal, estava reduzido a um animal. Estava sendo tratado pela natureza como um animal. Estava ali só miseravelmente sendo o que se é. Inconformou-se. Chorou e não foi ouvido. Pensou em não ter mais nenhum pensamento com palavras, afinal não haveria ninguém para ouví-las jamais. Destruiu sua presença pensando com isso puxar o tapete da Solidão. Mais três dias, e morreu.

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