segunda-feira, 14 de abril de 2008

Menina

- Mamãe, borboleta mamãe, borboleta. Borboleta mamãe...

E nada que a mãe pudesse entender dessa insistência incontida de tamanha concentração numa palavra só. Algum filme, um desenho. Ou mesmo uma borboleta pela casa. Nada. Nada encontrava que pudesse explicar a fixação da filha.

Pelo fim de tarde, na pracinha da cidade, uma das cenas mais lindas. Uma revoada de pelo menos dez borboletas, das mais coloridas. Nunca havia visto tantas juntas. E novamente a menina disse, com inquietante trivialidade diante daquela cena insólita:

- Borboleta mamãe... Borboleta.

Algo na concatenação daqueles fatos fazia toda sua simplicidade transcender de modo inexorável todas as barreiras da natureza e lançar-se ao domínio do fantástico.

A mãe deu de ombros, por fim.

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