terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Artificialidades

Há algo de artificial e arbitrário com o dinheiro. Eu imagino um conjunto de pessoas. Sei lá, trabalhadores de qualquer espécie. Pintores, digamos. O Luis aparece para pedir a eles "ei, podem pintar minha casa?". Sem dinheiro, nada feito. Se bem que poderiam ir, claro. Questão de boa vontade. O problema com a boa vontade é que depois os pintores iriam, digamos, até o mercado para comprar comida e, de novo, sem dinheiro nada feito. Mas os caras do mercado poderiam deixá-los levar o essencial. E assim por diante. Então o dinheiro não é essencial para as relações humanas. Os teóricos mais entendidos dizem que seu papel é regulador. Controlar a ganância. Você vai ao mercado... "quantos pãezinhos precisa, seu Alberto?". E o Alberto pede 5000 pãezinhos. Não, não precisa fazer isso. Acontece que ninguém, mesmo milionário, vai pedir tantos pãezinhos. E, quanto aos exageros, o dinheiro aprendeu a construir seus objetos do exagero. E aí que as coisas se desestabilizam. Quando o dinheiro que deveria ser reinserido em uma comunidade para continuar fazer as relações circularem é guardado para coisas mais e mais ostentadoras. Não sou economista. Não sei se estou me fazendo entender aqui. Mas eu acho que há qualquer coisa de arbitrário com o dinheiro que o corrompe em suas originais funções.

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