sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Fernão Capelo Passarinho

Estrada de terra ligando um horizonte ao outro. Matagal de um lado. Matagal do outro lado. E eu torcendo a direção de um extremo ao outro para vencer as poças de lama. E de repente o observo ali, ao lado, acompanhando o carro. Não entendo de passarinhos, mas sei que não era uma gaivota. Mas seguia bringando, ia de companhia. Batia as asas ganhando impulso à frente e altura, e então fechava as asas e se deixava despencar, até quase o chão, para só então, de última hora, recuperar o vôo. E quando a lama me retinha mais, lá ia ele atrasando o vôo também. E quando o chão ficava mais seco e eu acelerava, ele fazia um certo esforço. E assim foi por talvez dois quilômetros, talvez um pouco mais. Um pássaro fazendo vôo em ala com o grande bicho barulhento, bebedor de gasolina. Segui meu caminho sonhando em aprender a voar.

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