domingo, 8 de fevereiro de 2015

Roubos modernos

Eu me divorciei dela. Casei porque tinha encontrado uma companhia. Uma pessoa com quem conversar em casa. Com quem dormir trocando carinhos. Quis ajudar ao máximo. Paguei um curso. Queria que ela arrumasse um emprego melhor. Mas tudo era difícil. Tudo era ruim. Tudo era contra ela na vida. Nos divorciamos. Ela voltaria para São José logo mais. Mas havíamos ido longe demais: ela estava grávida. O filho veio tempos depois. Um pequeno bebê. Derretendo os corações de todos da família, mesmo os mais críticos àquela relação. Meus filhos mais velhos se apaixonaram pelo novo irmão. Minha irmã amou ser tia novamente. Mas tive que brigar na justiça pelo direito de vê-lo. Com o tempo fomos estabelecendo a rotina. Eu pegava estrada aos finais de semana para ir buscá-lo e poder passar um tempo com ele. Não ficava nem um minuto além do que a justiça permitia. Um ano. Dois. E de repente ele estava falando, e eu ouvia "papai, papai", o tempo todo. Perguntas sobre tudo. Como perguntam coisas as crianças! Aí viria mais um natal e um ano novo. E ele já nessa idade de entender as coisas. De perguntar tudo. De viver também com a mente. Seria meu direito passar as festas com ele. Mas achei que aquilo seria uma boa dose de crueldade com qualquer mãe. Convidei-a para vir. Ela veio. Passamos duas semanas de respeito entre a gente e de alegria com o pequeno. E ela foi embora. E aí que eu descobri: havia aproveitado uma oportunidade para trocar a senha do meu Facebook. Apoderou-se da minha identidade digital. Está, agora, empenhada em nos casar digitalmente. Coloca fotos de quando nos beijávamos. Agride verbalmente pessoas que estimo. Especialmente minha nova namorada, que ficou sem entender nada e com quem custei muito a me entender dia desses. O que ela esperava conseguir? Eu tinha a maior boa vontade do mundo. Deixar uma aproximação acontecer. Deixar um convívio amigável existir, pelo bem da criança. E agora a odeio de novo. Reacendeu minha raiva. Qual seria a intenção dela? Ou ela tinha uma clara intenção de agir com maldade ou é burra mesmo, porque ela só conseguiu despertar meu desprezo mais uma vez.

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