Tomo um banho. Faço um café. Coador, pó preto. Cheiro de vapor no ar. Folha de papel sobre a escrivaninha. Olho lá fora. O céu, as nuvens. Gente passando na rua. E começo a escrever. É uma sessão espírita. Precisa de uma transição para o outro mundo. Mas essa transição não acontece sempre da mesma forma.
Há dias em que já estou mergulhado em uma outra realidade. Uma cena do crime para uma história policial. Um mundo alternativo cheio de tecnologias diferentes. Uma menina com seu diário, no quarto, segredando imaginações. Mas tem dias como hoje. Já tentei duas vezes.
E estou só pensando em falar mal desta ou daquela pessoa. Em reclamar de coisas do serviço. Em falar da minha carreira, que poderia estar em outro patamar. Erros e acertos da vida até aqui. E em como imagino a vida para daqui cinco anos. Dez anos. É um imaginário também. Mas é um imaginário que, de certo modo, me prende à realidade.
Já se sentiu assim?
Dias em que quero fugir para o imaginário. E são os dias em que é mais difícil chegar até lá.
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