Não sou dessas mulheres de um metro e noventa, estilo super top models. Mas tenho e tive meu histórico de admiradores. Hoje, adulta, formada e trabalhando, a vida é mais séria. Menos aberta a manifestações extremas. Uma indireta aqui e ali, a gente mostra a aliança na mão e já se faz entender. Mas na época do colégio era diferente. Eu lembro de um menino de nome diferente, Adoniran. Quem dá um nome desses a uma criança de hoje em dia? Veio de outra escola. Era quieto, mas desesperado por se socializar. Vivia querendo participar, mas tinha esse jeito sempre nervosamente tímido. Então suas brincadeiras nunca funcionavam completamente. Nunca era realmente espontâneo. Estava sempre sentindo-se na iminência da vergonha e isso o acuava. Deixava cartas para mim. Deixava bilhetes. Deixava cartões do Garfield escondidos no meu material. Eu achava fofo, mas era só isso. Sempre senti respeito por ele. Era inteligente como obrigatoriamente deveria ser alguém mergulhado em tamanha introspecção. Falei com ele tempos atrás. Trocamos alguns e-mails. Parece que continua isolado em idealismos, querendo estudar e fazer coisas estranhas. Tem gente que simplesmente não acorda de uma vez por todas para a realidade. Tenho uma certa admiração e respeito por isso, mas é como nos tempos do colégio. Não é o suficiente para eu sentir uma atração, para querer trazer isso para minha vida. Às vezes penso que ele foi o amigo que mais me compreendeu, mesmo sendo distante. Às vezes penso que isso é egocentrismo de minha parte, vontade minha de me igualar a essa mulher idealizada e perfeita que ele sempre teve na mente e no olhar dele. E que não sou eu.
sexta-feira, 13 de março de 2015
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