Quando em 2013 protestos tomaram a terceira maior cidade do mundo, motivados contra os excessos da polícia militar, falou-se em 70.000 pessoas na cidade. As pessoas ocupavam, num continuum humano, não só a famigerada Avenida Paulista, mas também a Rebouças, a Berrini, a Faria Lima, a Juscelino e boa parte da Marginal Pinheiros e da Av. Bandeirantes. Hoje, em São Paulo, uma grande massa popular tomou a Av. Paulista. E então o cálculo dispara: estimou-se mais de um milhão de pessoas nas ruas. A polícia não disparou contra as pessoas. Como fez inúmeras vezes em 2013 contra grupos de poucas dezenas reunindo-se nos entornos da Paulista por questões variadas.
Há uma escolha sendo feita. Mas quem faz essa escolha não é a população. É parte da mídia. É parte da direção do que chamamos de poder público, os detentores do monopólio da violência, ao menos oficialmente. A população, ao invés de se informar e refletir sobre essa escolha, apenas a endossa. Aprende sobre ela pelos meios óbvios de comunicação e, na homeopatia das notícias diárias, absorve essa visão como única, não tomando consciência sequer da possibilidade de interpretações alternativas. Viva a democracia. Um regime que permite que a estupidez seja voluntária, e não imposta a força.
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